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Guerra no Oriente Médio
Negociações complicam votação de trégua
Premiê israelense diz que proposta libanesa de enviar Exército ao sul,
controlado pelo Hizbollah, é "interessante"
Israel acredita que resolução será apenas votada sexta; Rice anula ida a Nova York, e só Tony Blair acredita que votação na ONU ocorre hoje
Mohammed Zaatari/Associated Press
![](../images/e0908200601.jpg) |
Libanesas choram em funeral em massa de vítimas de ataque aéreo israelense, próximo a Sidon |
DA REDAÇÃO
Embora ainda com divergências para superar, a maratona
diplomática dentro das Nações
Unidas caminhava ontem na
direção da aceitação, pela França e pelos Estados Unidos, de
uma emenda ao projeto de resolução que permitirá ao Exército israelense se retirar do sul
do Líbano quando a região for
ocupada por 15 mil militares
das forças regulares libanesas.
Essa solução "parece interessante e vamos examiná-la de
perto", disse o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert.
"Quanto mais rápido pudermos deixar o sul do Líbano,
mais satisfeitos ficaremos, especialmente se pudermos cumprir nosso objetivos", completou Olmert, que hoje presidirá
uma reunião em que seu gabinete discutirá a expansão da
ofensiva terrestre no Líbano.
Ontem, só o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, afirmava ser possível ainda hoje
uma votação no Conselho de
Segurança que ponha fim às
hostilidades. Os israelenses, segundo o jornal "Haaretz", acreditam que na melhor das hipóteses a votação acontecerá na
sexta-feira.
No sábado, Paris e Washington chegaram a um texto conjunto que obrigava a milícia radical xiita Hizbollah a cessar
suas hostilidades. Mas autorizava Israel a se manter no sul
do Líbano -até a chegada das
tropas internacionais da
ONU- e a desenvolver ações
militares apenas "defensivas".
Os 27 países da Liga Árabe se
reuniram anteontem e apoiaram Beirute, para o qual a trégua fracassaria se Israel não desocupasse o sul do Líbano.
Ontem, na ONU, três porta-vozes do mundo árabe -os ministros das Relações Exteriores
do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos, além do secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa- apresentaram suas demandas em sessão do Conselho
de Segurança.
Durante a reunião, o representante do Qatar, xeque Hamad Al Thani, disse que, se
mantida sua redação original, o projeto de resolução franco-americano "complicaria a
crise" e daria a ela novas ramificações. Mas o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, depois de contatos com os chefes
das diplomacias da França e
EUA, afirmou que o processo
tende a favorecer seu país.
Diante da importância do assunto em pauta -o conflito já
completou quatro semanas-, é
possível que os membros permanentes sejam representados, na votação, por seus ministros das Relações Exteriores.
Condoleezza Rice, a secretária de Estado americana, deveria em princípio chegar ontem
à noite a Nova York. Mas suspendeu sua viagem e está à espera de um acordo.
O premiê Tony Blair adiou
suas férias para acompanhar de
perto as negociações. Na França, o presidente Jacques Chirac
convocou para hoje seu primeiro-ministro, a ministra da Defesa e o ministro do Exterior
para reunião de discussão sobre o Líbano.
O presidente americano,
George W. Bush, em férias no
Texas, declarou preferir que o
projeto de resolução redigido
no sábado não fosse modificado. Mas seu embaixador na
ONU, John Bolton, aparentemente recebeu ordens, horas
depois, de ser mais "flexível".
A Rússia, uma das cinco delegações com direito a veto, disse
apoiar qualquer solução com a
qual os libaneses estejam de
acordo. Essa será apenas a primeira de duas resoluções. A segunda, dentro de cerca de duas
semanas, definirá o mandato
das forças internacionais de
paz e procurará diminuir a
margem de atuação do Hizbollah contra objetivos israelenses.
Com agências internacionais
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