São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Guerra no Oriente Médio

Negociações complicam votação de trégua

Premiê israelense diz que proposta libanesa de enviar Exército ao sul, controlado pelo Hizbollah, é "interessante"

Israel acredita que resolução será apenas votada sexta; Rice anula ida a Nova York, e só Tony Blair acredita que votação na ONU ocorre hoje


Mohammed Zaatari/Associated Press
Libanesas choram em funeral em massa de vítimas de ataque aéreo israelense, próximo a Sidon


DA REDAÇÃO

Embora ainda com divergências para superar, a maratona diplomática dentro das Nações Unidas caminhava ontem na direção da aceitação, pela França e pelos Estados Unidos, de uma emenda ao projeto de resolução que permitirá ao Exército israelense se retirar do sul do Líbano quando a região for ocupada por 15 mil militares das forças regulares libanesas.
Essa solução "parece interessante e vamos examiná-la de perto", disse o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. "Quanto mais rápido pudermos deixar o sul do Líbano, mais satisfeitos ficaremos, especialmente se pudermos cumprir nosso objetivos", completou Olmert, que hoje presidirá uma reunião em que seu gabinete discutirá a expansão da ofensiva terrestre no Líbano.
Ontem, só o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, afirmava ser possível ainda hoje uma votação no Conselho de Segurança que ponha fim às hostilidades. Os israelenses, segundo o jornal "Haaretz", acreditam que na melhor das hipóteses a votação acontecerá na sexta-feira.
No sábado, Paris e Washington chegaram a um texto conjunto que obrigava a milícia radical xiita Hizbollah a cessar suas hostilidades. Mas autorizava Israel a se manter no sul do Líbano -até a chegada das tropas internacionais da ONU- e a desenvolver ações militares apenas "defensivas".
Os 27 países da Liga Árabe se reuniram anteontem e apoiaram Beirute, para o qual a trégua fracassaria se Israel não desocupasse o sul do Líbano.
Ontem, na ONU, três porta-vozes do mundo árabe -os ministros das Relações Exteriores do Qatar e dos Emirados Árabes Unidos, além do secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa- apresentaram suas demandas em sessão do Conselho de Segurança.
Durante a reunião, o representante do Qatar, xeque Hamad Al Thani, disse que, se mantida sua redação original, o projeto de resolução franco-americano "complicaria a crise" e daria a ela novas ramificações. Mas o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, depois de contatos com os chefes das diplomacias da França e EUA, afirmou que o processo tende a favorecer seu país.
Diante da importância do assunto em pauta -o conflito já completou quatro semanas-, é possível que os membros permanentes sejam representados, na votação, por seus ministros das Relações Exteriores.
Condoleezza Rice, a secretária de Estado americana, deveria em princípio chegar ontem à noite a Nova York. Mas suspendeu sua viagem e está à espera de um acordo.
O premiê Tony Blair adiou suas férias para acompanhar de perto as negociações. Na França, o presidente Jacques Chirac convocou para hoje seu primeiro-ministro, a ministra da Defesa e o ministro do Exterior para reunião de discussão sobre o Líbano.
O presidente americano, George W. Bush, em férias no Texas, declarou preferir que o projeto de resolução redigido no sábado não fosse modificado. Mas seu embaixador na ONU, John Bolton, aparentemente recebeu ordens, horas depois, de ser mais "flexível".
A Rússia, uma das cinco delegações com direito a veto, disse apoiar qualquer solução com a qual os libaneses estejam de acordo. Essa será apenas a primeira de duas resoluções. A segunda, dentro de cerca de duas semanas, definirá o mandato das forças internacionais de paz e procurará diminuir a margem de atuação do Hizbollah contra objetivos israelenses.


Com agências internacionais

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