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análise
Os EUA entre a contenção e a agressão ao Irã
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Num press release Nicholas Burns, subsecretário de
Estado americano, reproduziu o que disse depois numa
comissão do Congresso sobre o Irã no lugar da ex-União Soviética na Guerra
Fria. O regime iraniano representaria hoje o que Moscou foi no passado, o maior
desafio aos interesses do
Ocidente, sobretudo dos
EUA. É adotada a mesma estratégia que derrotou e acabou destruindo a ex-URSS, a
da "contenção". Emprego de
"diplomacia pesada", com
inserções de ameaças militares, como o envio ao golfo
Pérsico de um segundo porta-aviões.
A ABC News informou que
Bush autorizou a CIA a executar "operações encobertas" que desestabilizem o Irã.
É a velha guerra suja, ontem
contra a "ameaça comunista", hoje contra a "ameaça islâmica radical". Em 1953, ela
ajudou a derrubar o governo
nacionalista do mesmo Irã. A
"contenção" pode esticar limites, mas a sua essência, como foi feito com a ex-URSS, é
alcançar objetivos por meio
de pressões e intimidações,
sem chegar às vias de fato.
Há riscos; e sérios. Um especialista em Oriente Médio,
Roger Hardy, avisou que
"tanto em Washington como
em Teerã existem diferentes
centros de poder com agendas próprias, de pombos a
falcões".
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed el Baradei, falou da existência de "malucos que gostariam de ir em
frente e bombardear o Irã".
O alvo da irritação foi a turma do vice-presidente americano, Dick Cheney. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, a cargo da "contenção" junto com o secretário da Defesa, Robert Gates,
saiu em campo de imediato.
"Nossa opção é a diplomacia", afirmou Rice.
Ela e Gates conduzem a
montagem de uma frente anti-Irã juntando paises árabes
"moderados" e Israel. As
promessas de entregas bilionárias de armas são parte do
esquema. Nele também se
incluem manifestações de
"soft power". Washington
gasta milhões de dólares em
transmissões em farsi. Como
não tem relações com o Irã,
instalou escutas sobretudo
em Dubai, onde é grande a
concentração de iranianos.
E se a contenção falhar,
não conseguindo isolar o Irã,
conter a expansão de sua influência e ambições nucleares? Uma das hipóteses é a de
que o caminho ficaria livre
para a turma de Cheney, da
qual faz parte Elliot Abrams,
um dos personagens de ponta da guerra dos anos 80 na
América Central. Hoje cuida
do Oriente Médio no Conselho de Segurança Nacional.
O jornalista NEWTON CARLOS é especialista em questões internacionais
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