São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

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Chávez e Santos se encontram amanhã

Venezuela e Colômbia tentam retomar as relações bilaterais após o rompimento diplomático há quase 20 dias

Em programa de TV, venezuelano pede às Farc que abandonem armas e libertem todos os sequestrados no país

Jorge Silva/Reuters
Chanceleres Nicolás Maduro e María Ángela Holguín em Bogotá, após anunciar futuro encontro entre Chávez e Santos

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

Apenas três dias depois de ser empossado presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos receberá amanhã em seu país o venezuelano Hugo Chávez, no primeiro encontro para tentar refazer as relações bilaterais, rompidas por Caracas em 22 de julho.
O venezuelano interrompeu seu programa dominical de TV para transmitir ao vivo o anúncio da reunião, feito pelos chanceleres dos dois países em Bogotá.
Chávez disse que iria "dormir feliz". Já Santos afirmou esperar que o encontro sirva para alcançar "conclusões" para normalizar o relacionamento bilateral.
O encontro está marcado para o meio-dia de amanhã, mas o local na Colômbia ainda não foi acertado.
Foi o desenrolar rápido da proposta lançada pelo novo presidente da Colômbia, em seu discurso de posse no sábado, de que queria uma conversa "direta e franca" com Chávez, sem mediação.
O secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Néstor Kirchner, participou da reunião da chanceler colombiana, María Angela Holguín, com seu par venezuelano, Nicolás Maduro, sinalizando a intenção do órgão de seguir abrigando a discussão do conflito.
Santos, ainda presidente eleito, havia demonstrado que buscaria uma aproximação diplomática com Chávez. Ele evitou endossar as denúncias de seu antecessor e aliado Álvaro Uribe de que a Venezuela tolera a presença das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em seu território.
O governo anterior levou supostas provas à OEA (Organização dos Estados Americanos), e Chávez reagiu rompendo as relações.

CHAMADO ÀS FARC
Enquanto os chanceleres discutiam em Bogotá, Chávez, na TV, pediu às Farc "demonstrações contundentes" de que querem a paz, como a liberação de seus reféns.
"Estamos num novo momento de busca da paz. Assim como à Colômbia propomos a busca da paz, à guerrilha também há de se fazer um chamado", disse ele, voltando a dizer que as Farc não têm "futuro" se seguem com a luta armada.
Chávez afirmou, pela primeira vez desde o início da crise em julho, que as Farc "são uma problema também" para a Venezuela. "Não aprovei, nem aprovo, nem aprovarei presença alguma de forças guerrilheiras. Esse território é soberano."
No sábado, na posse, o presidente Santos enviou mensagem à guerrilha dizendo que não está fechado ao diálogo, mas insistiu em que as condições para tal são: a libertação dos reféns, o abandono das armas e fim dos elos com o narcotráfico.

NÃO AOS EUA
Se Chávez enviava sinais de trégua à Colômbia, com os EUA o momento não é bom. Ontem, ele anunciou que não aceitará como embaixador americano no país o nomeado pelo governo Barack Obama, Larry Palmer.
O venezuelano repudiou as declarações de Palmer, feitas por escrito a congressistas americanos, de que as Forças Armadas da Venezuela estão com "moral baixo" por conta das ascensões supostamente políticas. O diplomata, ainda não aprovado pelo Congresso, disse que são "claros" os elos de chavistas com as Farc.


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