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Chávez e Santos se encontram amanhã
Venezuela e Colômbia tentam retomar as relações bilaterais após o rompimento diplomático há quase 20 dias
Em programa de TV, venezuelano pede às Farc que abandonem armas e libertem todos os sequestrados no país
Jorge Silva/Reuters
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Chanceleres Nicolás Maduro e María Ángela Holguín em Bogotá, após anunciar futuro encontro entre Chávez e Santos
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ
Apenas três dias depois de
ser empossado presidente da
Colômbia, Juan Manuel Santos receberá amanhã em seu
país o venezuelano Hugo
Chávez, no primeiro encontro para tentar refazer as relações bilaterais, rompidas por
Caracas em 22 de julho.
O venezuelano interrompeu seu programa dominical
de TV para transmitir ao vivo
o anúncio da reunião, feito
pelos chanceleres dos dois
países em Bogotá.
Chávez disse que iria "dormir feliz". Já Santos afirmou
esperar que o encontro sirva
para alcançar "conclusões"
para normalizar o relacionamento bilateral.
O encontro está marcado
para o meio-dia de amanhã,
mas o local na Colômbia ainda não foi acertado.
Foi o desenrolar rápido da
proposta lançada pelo novo
presidente da Colômbia, em
seu discurso de posse no sábado, de que queria uma
conversa "direta e franca"
com Chávez, sem mediação.
O secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Néstor Kirchner, participou da reunião da
chanceler colombiana, María
Angela Holguín, com seu par
venezuelano, Nicolás Maduro, sinalizando a intenção do
órgão de seguir abrigando a
discussão do conflito.
Santos, ainda presidente
eleito, havia demonstrado
que buscaria uma aproximação diplomática com Chávez.
Ele evitou endossar as denúncias de seu antecessor e
aliado Álvaro Uribe de que a
Venezuela tolera a presença
das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) em seu território.
O governo anterior levou
supostas provas à OEA (Organização dos Estados Americanos), e Chávez reagiu
rompendo as relações.
CHAMADO ÀS FARC
Enquanto os chanceleres
discutiam em Bogotá, Chávez, na TV, pediu às Farc "demonstrações contundentes"
de que querem a paz, como a
liberação de seus reféns.
"Estamos num novo momento de busca da paz. Assim como à Colômbia propomos a busca da paz, à guerrilha também há de se fazer
um chamado", disse ele, voltando a dizer que as Farc não
têm "futuro" se seguem com
a luta armada.
Chávez afirmou, pela primeira vez desde o início da
crise em julho, que as Farc
"são uma problema também" para a Venezuela.
"Não aprovei, nem aprovo,
nem aprovarei presença alguma de forças guerrilheiras.
Esse território é soberano."
No sábado, na posse, o
presidente Santos enviou
mensagem à guerrilha dizendo que não está fechado ao
diálogo, mas insistiu em que
as condições para tal são: a libertação dos reféns, o abandono das armas e fim dos
elos com o narcotráfico.
NÃO AOS EUA
Se Chávez enviava sinais
de trégua à Colômbia, com os
EUA o momento não é bom.
Ontem, ele anunciou que
não aceitará como embaixador americano no país o nomeado pelo governo Barack
Obama, Larry Palmer.
O venezuelano repudiou
as declarações de Palmer, feitas por escrito a congressistas americanos, de que as
Forças Armadas da Venezuela estão com "moral baixo"
por conta das ascensões supostamente políticas. O diplomata, ainda não aprovado pelo Congresso, disse que
são "claros" os elos de chavistas com as Farc.
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