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Advogado de condenada à morte pede asilo à Noruega
Mohammad Mostafaei havia fugido do Irã via Turquia; sua mulher é solta de prisão iraniana e pode ir a Oslo
DE SÃO PAULO
Foi libertada anteontem à
noite da prisão de Evin, no
Irã, a mulher do advogado
Mohammad Mostafaei, que
chegou ontem à Noruega
após fugir do país persa,
duas semanas atrás, alegando ameaças por parte de autoridades.
Mostafaei era responsável
pela defesa de Sakineh Ashtiani, a iraniana condenada a
morrer apedrejada pelo crime de adultério que impulsionou uma campanha internacional em defesa dos direitos humanos no país.
No último dia 28, após ter a
mulher presa e a própria prisão decretada, Mostafaei fugiu do Irã pela fronteira com
a Turquia, onde acabou levado a um centro de detenção
para imigrantes até embarcar para a Noruega, país que
lhe ofereceu visto de um ano
e perante o qual ele já apresentou pedido de asilo.
Seus defensores esperam
que, em breve, a mulher dele, Fereshteh Halimi, e a filha
do casal, de 7 anos, possam
encontrá-lo em Oslo.
"Acho que quando descobriram que meu marido estava fora do Irã e que não podiam mais capturá-lo, que eu
já não era uma boa refém,
eles me soltaram", disse Halimi em entrevista à CNN.
Ela passou mais de dez
dias em uma solitária acusada de esconder um procurado -o marido desapareceu
no mesmo dia da sua prisão,
24 de julho, e só voltou a público na semana passada, já
em território turco.
"É lamentável que a pressão sobre advogados de defesa corajosos como o sr. Mostafaei seja tão grande que
eles sejam compelidos a escapar. Pedimos ao Irã que
respeite os direitos humanos
e cumpra com suas obrigações internacionais", disse a
Chancelaria norueguesa.
Ontem, Mostafaei contou a
jornalistas, por meio de um
intérprete, que dormira a noite inteira "pela primeira vez
em duas semanas".
Mas ele reiterou o desejo
de voltar a atuar no Irã. "Se as
autoridades iranianas garantirem meus direitos e minha
segurança, voltarei. No momento, perdi a capacidade
de trabalhar por meus clientes. Sem isso, não importa se
estou no céu ou no inferno."
SAKINEH
Por meio de seu blog, Mostafaei ajudou a impulsionar
uma campanha internacional pela libertação de Sakineh, presa desde 2006.
Há dez dias, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse que aceitaria eventual pedido de asilo da iraniana.
Teerã respondeu que o brasileiro fizera a oferta com base
em informações erradas.
Enquanto Mostafaei e o
Comitê Internacional contra
o Apedrejamento (Icas) sustentam que ela foi condenada só por adultério, autoridades judiciais no Irã dizem
que ela foi sentenciada também por envolvimento na
morte do marido.
Com a Associated Press
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