São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

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Advogado de condenada à morte pede asilo à Noruega

Mohammad Mostafaei havia fugido do Irã via Turquia; sua mulher é solta de prisão iraniana e pode ir a Oslo

DE SÃO PAULO

Foi libertada anteontem à noite da prisão de Evin, no Irã, a mulher do advogado Mohammad Mostafaei, que chegou ontem à Noruega após fugir do país persa, duas semanas atrás, alegando ameaças por parte de autoridades.
Mostafaei era responsável pela defesa de Sakineh Ashtiani, a iraniana condenada a morrer apedrejada pelo crime de adultério que impulsionou uma campanha internacional em defesa dos direitos humanos no país.
No último dia 28, após ter a mulher presa e a própria prisão decretada, Mostafaei fugiu do Irã pela fronteira com a Turquia, onde acabou levado a um centro de detenção para imigrantes até embarcar para a Noruega, país que lhe ofereceu visto de um ano e perante o qual ele já apresentou pedido de asilo.
Seus defensores esperam que, em breve, a mulher dele, Fereshteh Halimi, e a filha do casal, de 7 anos, possam encontrá-lo em Oslo.
"Acho que quando descobriram que meu marido estava fora do Irã e que não podiam mais capturá-lo, que eu já não era uma boa refém, eles me soltaram", disse Halimi em entrevista à CNN.
Ela passou mais de dez dias em uma solitária acusada de esconder um procurado -o marido desapareceu no mesmo dia da sua prisão, 24 de julho, e só voltou a público na semana passada, já em território turco.
"É lamentável que a pressão sobre advogados de defesa corajosos como o sr. Mostafaei seja tão grande que eles sejam compelidos a escapar. Pedimos ao Irã que respeite os direitos humanos e cumpra com suas obrigações internacionais", disse a Chancelaria norueguesa.
Ontem, Mostafaei contou a jornalistas, por meio de um intérprete, que dormira a noite inteira "pela primeira vez em duas semanas".
Mas ele reiterou o desejo de voltar a atuar no Irã. "Se as autoridades iranianas garantirem meus direitos e minha segurança, voltarei. No momento, perdi a capacidade de trabalhar por meus clientes. Sem isso, não importa se estou no céu ou no inferno."

SAKINEH
Por meio de seu blog, Mostafaei ajudou a impulsionar uma campanha internacional pela libertação de Sakineh, presa desde 2006.
Há dez dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que aceitaria eventual pedido de asilo da iraniana. Teerã respondeu que o brasileiro fizera a oferta com base em informações erradas.
Enquanto Mostafaei e o Comitê Internacional contra o Apedrejamento (Icas) sustentam que ela foi condenada só por adultério, autoridades judiciais no Irã dizem que ela foi sentenciada também por envolvimento na morte do marido.


Com a Associated Press


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