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Conheça a história do ditador africano
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
Mobutu Sese Seko Kuku Ngben
du Wa Za Banga morreu como
tantos ditadores no exílio. Em lu
gar de compaixão, inspira curiosi
dade sobre o destino de sua fortu
na pessoal, que o governo da Bélgi
ca chegou a estimar oficiosamente
em US$ 3,5 bilhões.
Algo notável para um homem de
origem modesta, que só teve em
pregos públicos ao longo de sua
carreira. Foi nos anos 50 oficial de
uma espécie de polícia militar que
os colonizadores belgas criaram
para impedir conflitos entre as
cerca de 300 etnias do Congo.
Não estava, com a independên
cia, em 1960, entre as lideranças de
primeira linha. Crescia na época
como líder tribal dos Gbandi.
Eclodiu uma guerra civil. O pre
sidente Kazavubu e o primei
ro-ministro deram uma orienta
ção pró-soviética ao novo regime.
O Ocidente (EUA, Bélgica, Fran
ça) reagiu. Alimentou a secessão,
comandada por Moisés Tchombé,
na Província rica em minerais de
Katanga. E estimulou uma rebe
lião militar comandada por um
homem providencial. Que foi jus
tamente Mobutu Sese Seko.
Ele governou o ex-Zaire por qua
se 32 anos, a partir de novembro
de 1965. Foi deposto em maio últi
mo por um movimento militar
eclético, de inspiração étnica e po
lítica, sob o comando de Lau
rent-Désiré Kabila.
Deixou seu país falido. Com o fi
nal da Guerra Fria, os EUA sus
penderam seus programas de aju
da. Mobutu não era mais o aliado
que impedia a suposta expansão
regional soviética. E ainda: eram
por demais evidentes as provas de
desvio do dinheiro para os cofres
pessoais do ditador.
Para um país sentado sobre as
mais ricas reservas minerais
não-petrolíferas da África Negra, o
Zaire possui hoje pouco mais de
US$ 100 de renda média anual.
Metade das crianças sofre de palu
dismo. A saúde pública está em co
lapso.
Quase nada foi feito em termos
de escolas e estradas. Mobutu dei
xou um orçamento anual de US$
672 milhões, dos quais reservou
mais da metade para os 25 homens
de sua hoje extinta guarda pessoal.
Ele não foi convencional em seu
pró-ocidentalismo. Adotou uma
retórica e um estilo socializantes.
Aboliu as palavras "senhor" ou
"excelência" na administração
pública. Todos se tratavam por
"cidadão". Africanizou os preno
mes cristãos. Nacionalizou as
grandes empresas em 1973, no que
recuaria em seguida.
Em termos regionais, deu apoio
logístico à guerrilha pró-EUA na
guerra civil de Angola. Apoiou, na
África do Sul, os adversários do
CNA (Congresso Nacional Africa
no), partido de Nelson Mandela.
Tentou uma abertura democrá
tica, interrompida pateticamente
pela dissolução, em 1992 e em
1994, de organismos representati
vos que chegou a tolerar por pres
são ocidental.
O "mobutismo" era incompatí
vel com a democracia. Fundamen
tava-se na ausência de controles
sociais que inevitavelmente coibi
riam a corrupção.
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