São Paulo, segunda-feira, 09 de setembro de 2002

Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

Ex-inspetor da ONU afirma em Bagdá que ataque americano contra o Iraque seria um erro histórico

EUA dizem ter novas provas contra Saddam

DA REDAÇÃO

As principais autoridades dos EUA disseram haver novas provas de que o ditador do Iraque, Saddam Hussein, está desenvolvendo uma bomba atômica.
"Nós sabemos de um carregamento que estava em um navio que interceptamos", disse ontem o vice-presidente Dick Cheney.
A afirmação foi uma resposta a informações de que o Iraque estaria tentando adquirir tubos de alumínio que servem para enriquecer o urânio, utilizado na fabricação da bomba atômica. "Não sabemos que outros meios [para desenvolver armas de destruição em massa" Saddam estaria buscando", disse Cheney em entrevista na TV NBC.
Já a assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, disse à TV CNN que os americanos "não devem esperar que a fumaça de um revólver se transforme em uma nuvem de cogumelo [formato resultante da explosão de uma bomba atômica"". Segundo ela, os EUA possuem provas de que o Iraque desenvolve armas de destruição em massa.
As declarações fazem parte de uma ofensiva diplomática dos EUA para tentar convencer sua população e outros países a apoiarem uma ofensiva para derrubar Saddam. Dos cinco países do Conselho de Segurança da ONU, três se negam a dar o aval a Bush: França, China e Rússia. O Reino Unido apóia a posição dos EUA.
No sábado, o presidente americano, George W. Bush, fez declaração similar após se reunir em Camp David com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, seu maior aliado em uma possível ofensiva contra o Iraque.
Nesta quinta, Bush irá à ONU pedir apoio internacional para a ofensiva contra o Iraque. E deve dizer que os EUA terão de agir sozinhos sem o apoio do órgão.
Cheney afirmou que uma guerra contra o Iraque "não será tão dura". Mas acrescentou que pode ser necessário que as forças americanas permaneçam no Iraque para garantir uma transição pacífica para um novo governo, caso Saddam seja deposto.
"Esse custo seria menor do que um ataque de alguém como Saddam, que possui ou desenvolve armas de destruição em massa, contra os EUA", disse. Ele afirmou ainda que o governo ainda não tomou uma decisão final sobre o uso da força no Iraque.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, tido como um dos mais moderados da administração Bush, afirmou para a rede de TV Fox News que o governo dos EUA não tem outra opção a não ser considerar um ataque contra o Iraque.

Ex-inspetor
Em Bagdá, o americano Scott Ritter, ex-chefe dos inspetores de armas da ONU, afirmou ao Parlamento iraquiano que seria um "equívoco histórico" um ataque contra o Iraque. Ele rejeita as afirmações de que Saddam estaria produzindo armas de destruição em massa. Ritter pediu aos iraquianos que aceitem o retorno dos inspetores de armas ao país.
Powell rebateu as declarações de Ritter dizendo que o governo americano lida "com fatos, não especulações". Segundo ele, Ritter não dispõe de informações para dar essas declarações.


Com agências internacionais


Próximo Texto: 68% nos EUA apóiam ataque contra Iraque
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.