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EUA
Representante da Geórgia confessa culpa no acidente que matou adolescente brasileira no centro de Washington
Diplomata se diz culpado por acidente
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
O diplomata da Geórgia que provocou acidente automobilístico
em Washington no qual morreu
uma adolescente brasileira se declarou culpado ontem. Ele pode
ser condenado a 70 anos de prisão.
Gueorgui Makharadze, 36, segundo na hierarquia da Embaixada da Geórgia em Washington,
protegido do presidente Eduard
Shevardnadze e estrela ascendente
na política de seu país, vai aguardar na prisão até sua sentença ser
decidida, em 19 de dezembro.
Em 3 de janeiro passado, Makharadze bateu com seu carro em outro que estava parado diante de um
semáforo no Dupont Circle, uma
área com restaurantes e bares no
centro de Washington. O carro
atingido voou e caiu sobre outro.
Neste, se encontrava a brasileira
Jovianne Waltrick, de 16 anos, que
morreu logo após o acidente. Outras quatro pessoas se feriram.
Testemunhas e policiais dizem
que o carro guiado por Makharadze estava a 136 km por hora no momento da colisão, numa área em
que a velocidade máxima permitida é de 55 km por hora. Exames da
polícia mostraram que o diplomata tinha teor de álcool no sangue
50% acima do permitido por lei.
Makharadze tinha direito a imunidade diplomática. Por força de
acordos internacionais, diplomatas não podem ser presos nem processados nos países em que servem. Mas o caso de Makharadze
provocou tamanha indignação na
opinião pública americana que o
presidente Shevardnadze decidiu
abrir mão do direito dado a seu representante nos EUA.
O fato de ele ter se dito culpado
ontem, evitando em consequência
um julgamento, poderá lhe render
uma sentença menor do que se ele
viesse a ser condenado. Mas a decisão do juiz Harold Cushenberry de
mantê-lo preso indica que a sentença ainda assim será pesada.
Para o juiz, incidentes anteriores
com Makharadze (dois casos de
excesso de velocidade) demonstram que ele é perigoso para a comunidade. O governo da Geórgia
poderá pedir aos EUA que permitam ao diplomata cumprir a pena a
que for condenado em seu país.
A mãe de Joviane, Viviane Wagner, que veio com a família de São
Leopoldo, Rio Grande do Sul, para
Washington meses antes do acidente, disse que sua filha "não vai
voltar", mas "está valendo a pena
lutar" porque "imunidade não
pode significar impunidade".
A família de Joviane passou meses diante do local em que ela morreu com cartazes e faixas, distribuindo panfletos pedindo a condenação de Makharadze.
O diplomata disse ontem em juízo que assumia "total responsabilidade pelo que aconteceu". Ele havia esperado o início do julgamento em liberdade, mas não podia
sair de Washington sem autorização da Justiça.
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