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MEDO
Bactéria encontrada em duas pessoas na Flórida pode ser usada como arma biológica
FBI investiga ligação entre casos de antraz e terrorismo
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Uma das principais paranóias
dos americanos atualmente, o
medo de um atentado químico ou
biológico, acaba de ganhar um reforço. O FBI está investigando a
possibilidade de o antraz detectado em dois moradores da Flórida
ser resultado de ação terrorista.
A bactéria, que matou um fotógrafo semana passada, foi encontrada no nariz de um colega e
num teclado de computador na
redação em que ambos trabalhavam, em Boca Raton. A empresa,
American Media Inc., edita as revistas "The Sun" e "Globe".
"Não temos informação suficiente para dizer se isso está ligado ao terrorismo ou não", disse
ontem o ministro da Justiça dos
EUA, John Ashcroft. "Mas a investigação pode se tornar uma investigação criminal." As autoridades da Flórida fecharam o edifício
onde funcionava a redação das revistas e está entrevistando os 300
funcionários da empresa.
O último caso de antraz registrado na Flórida é de 1974. A bactéria provoca uma doença infecciosa grave e está entre as listadas
pelos serviços de inteligência como potencial arma biológica sob
controle de grupos terroristas.
O infectado é Ernesto Blanco,
73, que está internado em condições estáveis. O FBI espera os relatórios do Centro de Controle de
Doenças para determinar se se
trata de uma ocorrência normal
de infecção ou se foi mesmo resultado de um ato criminoso.
Na última sexta, o fotógrafo Robert Stevens, 63, morreu contaminado pela bactéria. Segundo o
FBI, ele morava a um quilômetro
e meio de distância da escola de
aviação onde Mohammed Atta,
um dos suspeitos do ataque terrorista, teve aulas de pilotagem.
O estado de segurança dos EUA
voltou ao nível "alerta máximo",
algo que não ocorria desde o dia
11 de setembro e, antes disso, desde a Segunda Guerra Mundial. O
FBI colocou em "prontidão" todos os centros de emergência das
grandes cidades.
Além disso, deputados e senadores foram exortados a não usar
identificação oficial fora do Congresso e a Guarda Costeira mobilizou seu maior efetivo dos últimos 50 anos. O temor é uma possível retaliação pelos bombardeios no Afeganistão.
Segundo funcionários do ministério da Justiça, no entanto,
não houve ameaça de qualquer tipo até agora. Trata-se apenas de
medida de prevenção. Pontes,
ruas, monumentos e o espaço aéreo continuam abertos.
"Todos os americanos devem
estar alertas e nos ajudar nesta
guerra", disse ontem o ministro
da Justiça, John Ashcroft. "Mas
não podemos deixar que esses riscos afetem nossa liberdade."
Em Nova York, todas as pontes,
túneis, portos, prédios públicos,
pontos turísticos e locais de grande aglomeração humana receberam vigilância extra.
São efetivos da polícia (41 mil
homens), do FBI, do serviço secreto e mesmo soldados em fardas camufladas da Guarda Nacional, o que dá um clima bélico à cidade. Calcula-se que pelo menos
4.500 destes soldados estejam em
ação neste momento.
Na cidade, os militares se concentram nos dois aeroportos, JFK
e La Guardia, onde atuam mais no
embarque e nas áreas de checagem dos passageiros. No interior,
estão nos reservatórios estaduais
de água, nos outros 17 aeroportos
do Estado, nos diques e nas usinas
de eletricidade.
Ainda ontem, complementando as medidas antiterror do governo federal, o ex-governador da
Pensilvânia Tom Ridge foi empossado como o primeiro secretário de Segurança Interna da história dos EUA. O político deveria receber o cargo das mãos de Dick
Cheney mas, ironicamente, o serviço secreto desaconselhou a cerimônia e manteve o vice-presidente em lugar não-revelado.
Ridge, 56, fez então seu juramento para o juiz Clarence Thomas, da Suprema Corte, na presença de George W. Bush. Estavam na cerimônia o ministro brasileiro da casa civil, Pedro Parente, e o representante especial para
o Mercosul, José Botafogo.
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