São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

Próximo Texto | Índice

Britânicos tirarão 2.500 soldados do Iraque em 2008

Mil homens devem deixar país já neste ano; fase seguinte começa em março de 2008

Para analistas, operação visa aumentar popularidade do premiê trabalhista, que não descartou retirada total ainda no ano que vem

Lefteris Pitarakis/Associated Press
Em Londres, manifestantes pedem fim da campanha no Iraque


DA REDAÇÃO

Principal aliado dos EUA na Guerra do Iraque, o Reino Unido vai reduzir suas tropas no país dos atuais 5.500 homens para 2.500 já no primeiro semestre do ano que vem, anunciou ontem primeiro-ministro Gordon Brown ao Parlamento.
O premiê trabalhista indicou ainda que o restante dos soldados do Reino Unido, que participou da invasão do país do Oriente Médio em 2003 com cerca de 18 mil homens, pode deixar o Iraque até o fim do ano que vem. Desde a invasão, 170 militares britânicos morreram no Iraque.
Segundo Brown, que no início deste mês afirmara que tiraria mil soldados do Iraque até o Natal, a retirada é possível devido a "progressos feitos no treinamento das forças de segurança iraquianas". Brown referia-se ao contingente em atuação na Província de Basra, sul do país, onde estão lotadas as tropas britânicas.
"Os iraquianos estão, agora, aptos a assumir a responsabilidade eles próprios pela segurança", disse Brown aos membros da Câmara dos Comuns, em Londres. O antecessor e colega de partido de Brown, Tony Blair, já havia, no início do ano, declarado que o governo tiraria os soldados britânicos do Iraque, embora não tivesse dado detalhes da retirada.
A operação será, de acordo com o que explicou o Brown, feita em dois estágios, conforme os britânicos forem passando mais tarefas voltadas à segurança da Província para as mãos dos iraquianos.
A redução seria primeiramente para 4.500 e depois 4.000, nos primeiros dois meses do processo, e, a partir do segundo trimestre de 2008, o contingente encolheria para 2.500. Numa terceira fase, os soldados britânicos ficariam a cargo só de treinar as forças de segurança iraquianas em Basra, até a eventual retirada total.
Do efetivo a sair do Iraque, cerca de 500 homens devem ir para outros postos no Oriente Médio, os quais Brown não especificou.
Segundo o "New York Times", um membro da Chancelaria do Reino Unido cujo nome não foi revelado afirmou que o programa de retirada foi discutido com o comandante das forças dos EUA no Iraque, general David Petraeus.
Além da diminuição do efetivo de seu país, Gordon Brown prometeu "não deixar desamparados" os iraquianos que foram contratados para auxiliar, em atividades civis, as tropas britânicas. O premiê afirmou que aqueles que trabalham para os britânicos já há mais de um ano poderão requerer ajuda financeira para que se estabeleçam em outros lugares do Iraque ou até no Reino Unido.

Opinião pública
Segundo a BBC, a atitude de Brown visa em parte acalmar o eleitorado, cuja opinião negativa acerca da campanha militar no Iraque contribuiu muito para o declínio da aprovação de Tony Blair antes de ele deixar o governo, em junho. Ontem, cerca de 2.000 pessoas participaram de uma manifestação pela retirada total do Iraque, que terminou diante do Parlamento, em Londres.
Gordon Brown quer "as tropas britânicas fora de Basra até a eleição", que deve ocorrer em 2009, disse ao "New York Times" Toby Dodge, do International Institute of Strategic Studies em Londres.


Com agências internacionais e "The New York Times"


Próximo Texto: Israel estuda ceder parte de Jerusalém aos palestinos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.