São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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Assassinato de líder da oposição eleva a tensão na Síria

Milhares comparecem ao funeral de Mashaal Tammo, morto na sexta; repressão dispara e mata ao menos 5

União Europeia lança forte condenação ao crime e Barack Obama pede que ditador Assad saia "imediatamente"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças do regime do ditador sírio, Bashar Assad, dispararam ontem contra civis no funeral do líder opositor Mashaal Tammo, assassinado na última sexta-feira, na cidade de Qamishli.
A ação matou ao menos cinco pessoas das aproximadamente 50 mil que participavam da cerimônia, segundo divulgou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
Ao menos mais quatro ativistas foram mortos em outras cidades do país, incluindo Douma, na periferia da capital, Damasco, onde a repressão também teria visado o enterro de ativistas mortos pelo regime na sexta -tradicional dia de protestos.
Segundo organizações de direitos humanos, 15 ativistas foram assassinados anteontem. Desde que se acentuaram os protestos pró-democracia, em fevereiro passado, o regime impede o trabalho regular da imprensa independente no país, dificultando a verificação de informações.
Nas cidades de maioria curda -a etnia de Tammo- seu assassinato provocou onda de revolta, incluindo a construção de barricadas e chamados a greve geral.
Em Amuda, manifestantes puseram abaixo uma estátua do ditador Hafez Assad, pai e antecessor de Bashar, que teria deslocado comboios para a região (nordeste do país).
A chefe da diplomacia da UE (União Europeia), Catherine Ashton, condenou ontem "com a maior firmeza" o assassinato de Tammo. Citando outros episódios semelhantes, Ashton afirmou: "Esses terríveis crimes se somam à grave preocupação da União Europeia sobre a situação na Síria. Todos os responsáveis e cúmplices devem responder por isso".
Os EUA também condenaram com veemência o assassinato do líder opositor, no que viram uma demonstração de que "as promessas de diálogo e reforma são vazias". O presidente Barack
Obama disse que Assad deve deixar o poder "imediatamente".
Ex-prisioneiro político, Tammo tinha 53 anos, integrava o Conselho Nacional Sírio, principal coalizão opositora ao regime, e era fundador e porta-voz da sigla curda Partido do Futuro.
Segundo a agência oficial de notícias síria, ele foi morto em casa, num ataque perpetrado por quatro homens armados e encapuzados. A agência atribui a ação a dissensões entre os curdos.
Ontem, Ashton rechaçou "os atos direcionados a incitar o conflito entre etnias e credos". A ONU (Organização das Nações Unidas) tem uma comissão de inquérito sobre a situação na Síria, coordenada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que não obteve das autoridades sírias autorização para visitar o país.
Venezuela e Cuba enviam hoje seu chanceleres a Damasco, para atestar apoio a Assad e rechaçar o "intervencionismo do império".


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