São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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Nobel da Paz defende diálogo em Mianmar

Para oposicionista Aung San Suu Kyi, laureada em 1991, revoltas populares não são única forma de obter mudança

Libertada de prisão domiciliar após 15 anos, ela diz que já há 'relaxamento' da junta militar no país asiático

BENOÎT CROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM YANGUN

Filha de Aung San (1915-1947), herói da independência de Mianmar, Aung San Suu Kyi é líder da Liga Nacional para a Democracia (NLD), principal formação da oposição, há mais de 20 anos.
Em novembro passado, foi libertada da prisão domiciliar de 15 anos, logo após uma eleição na qual seu partido não pôde participar.
Desde então, tem se encontrado com membros da junta militar que governa o país do Sudeste Asiático.
Aung foi laureada com o prêmio Nobel da Paz em 1991 -20 anos antes das ativistas Tawakkul Karman (Iêmen), Ellen Johnson Sirleaf e Leywah Gbowee (Libéria), que tiveram sua escolha anunciada anteontem.

 

Folha - O que espera das negociações com o governo?
Aung San Suu Kyi -
Esperamos uma mudança positiva para a democratização deste país e melhores condições de vida para as pessoas. O governo atual, e especialmente o presidente, querem uma mudança positiva para o país.

É possível acreditar na sinceridade do governo?
É necessário começar com uma base de confiança. Se você não tem confiança nas pessoas com quem quer negociar, não pode sequer começar.

A senhora escolheu o caminho das negociações porque não acredita no sucesso de uma revolta popular?
Eu não sei por que as pessoas pensam que a única maneira de trazer a mudança é por meio de revoltas populares.
A melhor maneira de obter a mudança é por meio de um processo de diálogo e negociação.

Que mudanças a senhora notou recentemente?
Acho que a mídia tem mais espaço de manobra, e o acesso à internet é mais fácil. Há um relaxamento, não sabemos até quando. Esperamos que isso não só vá se manter, como se expandir.

No processo de reconciliação nacional, há um lugar para a justiça?
Sempre deve haver um espaço para a justiça, mas não é o mesmo que vingança. Quando falamos de justiça, falamos de uma situação em que há responsabilidades. É a razão pela qual todos acreditam no estado de direito.

A senhora seria presidente?
Eu acho que é muito cedo para falar de tais coisas. Afinal, não estamos tentando fazer alguém presidente. Estamos tentando construir uma base sólida para a democracia.

Depois de muitos anos de prisão domiciliar, tentativas de assassinato, por que continuar a luta?
Porque eu quero que meu país seja um dos países onde as pessoas podem decidir o rumo de suas vidas.


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