DA REDAÇÃO

O premiê da Turquia, Abdullah Gul, disse ontem que "foi um milagre" cinco pessoas terem sobrevivido à queda, anteontem, de um jato da Turkish Airlines, que deixou 75 mortos. "O avião partiu-se todo", declarou Gul, em visita ao local do desastre, próximo ao aeroporto de Diyarbakir, perto da fronteira síria. A neblina parece ter sido a causa do acidente.
Cinco passageiros sobreviveram e continuavam hospitalizados ontem. Uma criança de dois anos, retirada com vida do que sobrou do avião, morreu ontem.
Aliye Il, 48, mãe de quatro filhos e uma das sobreviventes, contou que conseguiu escapar apenas porque estava sentada logo atrás da parte do avião que se rompeu ao se chocar contra o solo.
"Fiquei tentando abrir o cinto de segurança. Gritei "não consigo, não consigo", mas ninguém me ouvia, estavam todos gritando", relatou. "Tudo aconteceu num instante. O avião atingiu o solo, as chamas se espalharam e a aeronave se despedaçou. Não houve aviso algum." Aliye caiu numa pilha de feno.
Familiares passaram o dia procurando seus parentes no necrotério de Diyarbakir. As autoridades disseram que 51 corpos já haviam sido reconhecidos, mas parentes relatavam dificuldades.
As duas caixas-pretas da aeronave foram recuperadas e ajudarão a esclarecer o desastre. "A visibilidade era de 1.600 metros nas vizinhanças do aeroporto, mas pode ter caído ao nível de 200 metros no local do acidente", disse um funcionário do aeroporto.
Autoridades disseram que o local não contava com um sistema de pouso por meio de instrumentos para auxiliar o avião.

Política e religião
Os militares acusaram ontem o premiê turco de estar encorajando atividades anti-seculares no país. Gul é do partido islâmico AKP, que chegou ao poder em dezembro. Os militares turcos defendem a manutenção do secularismo no país.