São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Chávez anuncia ter localização de reféns

Segundo presidente da Venezuela, Farc lhe passaram coordenadas da selva colombiana onde entregarão duas seqüestradas

Governo colombiano dá autorização à nova missão, após fracasso de dezembro; venezuelano afirma que soltura pode acontecer hoje

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou ontem que as Farc finalmente enviaram as coordenadas para a liberação da ex-candidata a vice-presidente Clara Rojas e da ex-congressista Consuelo González. Segundo ele, a operação deve ocorrer ainda hoje.
"Nesta manhã, [recebemos] por parte do comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, agora sim, as coordenadas lá nas montanhas da Colômbia, onde se encontram Clara e Consuelo. Porque, graças a Deus, o menino Emmanuel [filho de Rojas] está bem e está em Bogotá", disse Chávez à tarde, em ato com jogadoras de voleibol.
"Esperamos que amanhã [hoje], na primeira hora, os helicópteros venezuelanos com a Cruz Vermelha voem até Guaviare [sudeste colombiano] para buscar essas duas compatriotas colombianas e conseguir sua liberação", disse.
A mãe de Rojas, Clara, permanecia ontem em Caracas à espera da libertação de sua filha, seqüestrada em 2002 junto com a candidata presidencial Ingrid Betancourt. González foi capturada em 2001.
Em Bogotá, o governo colombiano aprovou a solicitação enviada pela Venezuela para libertar as reféns, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), envolvido no processo. "Nós participaremos dessa missão humanitária anunciada por Chávez e aprovada pelo governo colombiano", disse Yves Heller, porta-voz do CICR na Colômbia, à agência de notícias Reuters.

Processo longo
A novela para a libertação de Rojas e González se arrasta desde o dia 18 do mês passado, quando as Farc anunciaram a entrega unilateral das duas e do menino Emmanuel, 3, nascido em cativeiro e filho de Rojas com um guerrilheiro.
A soltura foi classificada como "ato de desagravo" a Chávez, cuja mediação nas negociações entre o governo e a guerrilha de esquerda foi interrompida pelo presidente Álvaro Uribe em novembro.
No dia 26, Chávez anunciou uma complexa missão de resgate dos três. Batizada de Operação Emmanuel, envolveu a criação de um grupo de observadores internacionais, como ex-presidente argentino Néstor Kirchner e o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia.
Após três dias de espera da missão internacional em Villavicencio (centro da Colômbia), as Farc suspenderam a entrega no dia 31, alegando falta de segurança por causa de operações militares na área da libertação.
No mesmo dia, Uribe negou a versão das Farc e disse que o atraso se devia ao fato de que o menino Emmanuel não estava mais em poder da guerrilha, e sim em Bogotá, sob a tutela do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, onde foi registrado como Juan David.
Irritado, Chávez acusou Uribe de "dinamitar" a missão. Mas o teste de DNA confirmou que Emmanuel está mesmo em Bogotá, causando um grande revés político às Farc e deixando o venezuelano numa situação embaraçosa.


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