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Israel matou civis em abrigo, denuncia ONU
Forças Armadas negam que tenham deslocado palestinos para casa em Zeitoun e que a tenham bombardeado 24 horas mais tarde
Exército qualifica acusação como "inverossímil" e alega que não havia soldados na região, mas Israel entrou na área no último domingo
DA REDAÇÃO
Em mais um capítulo da série
de desavenças entre ONU e Israel acerca da ofensiva sobre a
faixa de Gaza, as forças invasoras foram acusadas de terem
orientado cerca de cem civis
palestinos a buscarem refúgio
em uma casa que foi bombardeada 24 horas mais tarde, deixando pelo menos 30 mortos. O
Exército israelense considerou
as denúncias "inverossímeis".
O relato consta de um documento divulgado ontem pelo
Ocha (sigla em inglês para Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU).
Allegra Pacheco, vice-diretora da entidade e integrante de
seu braço nos territórios palestinos, citou testemunhas da região de Zeitoun que narraram o
episódio. Segundo ela, a maioria das vítimas era da família
Samouni, deslocada à força para o local no último domingo.
Um dos sobreviventes é Ahmed Ibrahim Samouni, 13. Em
recuperação de ferimentos numa perna e no peito, ele contou
sua versão no hospital.
"Estávamos dormindo quando os tanques e aviões atacaram. Um explosivo atingiu nossa casa e felizmente não nos
acertou. Corremos para fora e
vimos 15 homens. Eles tinham
chegado de helicópteros e descido no topo dos prédios", contou o garoto, acrescentando
que os moradores foram agredidos e forçados a entrar em
outra casa -atingida no dia seguinte, quando sua mãe e outros parentes foram mortos.
"A denúncia de que o edifício
foi atacado é inverossímil, porque em 4 de janeiro, a data
mencionada pela organização
internacional, as forças ainda
não haviam chegado a Zeitoun", afirmou o porta-voz militar Yaacov Dallal.
Ele disse que o Exército "não
tem registrado nenhum disparo de artilharia ou aéreo contra
prédios naquela zona". E, sem
mencionar o veto imposto à entrada de jornalistas estrangeiros a Gaza, completou que "é
improvável que um fato com
tantas vítimas tenha passado
despercebido por quatro dias
sem que nenhum meio de comunicação tenha se dado conta
e sem que existam informações
ou registros nos hospitais".
Zeitoun é um dos bairros nos
arredores da Cidade de Gaza,
onde as forças israelenses assumiram posições antes de avançar rumo à capital. A região é
próxima à passagem de Karni,
por onde entraram no domingo
tropas e tanques que dividiram
região ao meio, bloqueando as
vias que ligam a principal cidade ao sul da faixa de Gaza.
Outras versões do caso, dadas à Associated Press e a grupos israelenses de direitos humanos, têm números mais baixos de mortos, mas todas coincidem quanto ao ataque ao prédio um dia depois de tropas terem orientado as pessoas a ficarem lá dentro por segurança.
Bombardeio a escola
O ataque à escola mantida
pela ONU no campo de refugiados de Jabaliya, atingida na última terça-feira por Israel, deixando 43 mortos (no mais letal
incidente isolado da ofensiva)
voltou ontem a ser invocado.
O porta-voz da UNRWA
(agência da ONU para refugiados palestinos), Chris Gunness,
relatou ao "Haaretz" que quadros do exército disseram que o
ataque não foi proposital.
"Em reunião com diplomatas
estrangeiros, oficiais de alta patente admitiram que os ataques
de morteiro a que responderam
em Jabaliya não partiram da
escola e que o ataque ao espaço
da ONU não foi intencional."
Mais tarde, a UNRWA afirmou que recebeu garantias de
segurança de Israel e que "retomará suas atividades o mais rapidamente possível". Anteontem, elas foram interrompidas
em razão do alegado ataque a
um caminhão da entidade
-ação também negada ontem
por Dallal: "As forças israelenses não atiraram naquele caminhão. Ponto final".
Outros braços das Nações
Unidas ontem abordaram a crise em Gaza. Josette Sheeran,
diretora do Programa Alimentar Mundial da ONU alertou
que ao menos 80% do povo de
Gaza precisa urgentemente de
assistência alimentar.
Já a Unicef criticou o desabastecimento e denunciou danos às crianças palestinas.
Com agências internacionais
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