São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Voto no Sudão tem alto comparecimento

O primeiro dos sete dias de votação do referendo a respeito da criação de um novo país foi considerado pacífico

Observadores dizem que, apesar de lento, processo é organizado; sudaneses vestiram suas melhores roupas


JERÓNIMO GIORGI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM JUBA (SUDÃO)


O primeiro dos sete dias de votação do referendo pela criação de um novo país no sul do Sudão foi considerado pacífico pelos observadores e com grande comparecimento nas seções eleitorais.
Não há números totais, mas as grandes filas nas portas das seções e a avaliação das autoridades eleitorais indicam que a presença foi maior que a esperada.
Segundo todas as previsões, mais de 90% dos votos serão pela independência, criando uma nação de 8,5 milhões de habitantes no sul do maior país da África.
A grande maioria da população do Sudão do Sul é cristã e não árabe, em contraste com o norte islâmico.
Os 2.537 centros de votação "abriram pontualmente" e estão "100% preparados", afirmou ontem pela manhã a secretária executiva da Confederação Internacional dos Grandes Lagos, Liberata Mulama, cuja organização é parte dos 1.400 observadores internacionais encarregados de monitorar o pleito.

ROUPA DE FESTA
"Todos querem ser os primeiros a votar neste dia histórico", disse.
Ela acrescentou que, ainda que o processo esteja lento, devido à busca dos cadastros dos eleitores, a votação estava "bem organizada".
A observadora ressaltou o fato de os soldados estarem fora dos recintos de votação, o que favorece a transparência do processo.
"Me sinto feliz", dizia Philip, enquanto limpava a tinta azul do dedo indicador direito com um guardanapo.
Philip saiu dos recintos da Universidade de Juba sorrindo e exibindo uma camisa branca que combinava com suas calças.
Para o "grande dia", muitos sudaneses do sul vestiram suas melhores roupas para votar e, depois, assistir à missa de domingo.
Mais de 3,9 milhões de sudaneses do sul estão aptos a votar durante a semana que durará a consulta.
Para que o processo seja validado, o quorum tem de ser de 60%.
A grande quantidade de refugiados fora do Sudão -por conta de guerra civil (1983-2005) que deixou mais de 2 milhões de mortos- faz com que haja votação também no norte e em mais outros oito países.

PETRÓLEO
Além da volta desses refugiados para uma região sem infraestrutura, outra apreensão que cerca a independência é relativa ao controle dos poços de petróleo do sul e o envio da commodity para fora do país.
Há o temor de que o ditador sudanês, Omar Bashir, não aceite ficar sem a fonte de divisas e desencadeie uma nova guerra.
Na região de Abyei, que concentra as principais reservas de petróleo, cinco pessoas morreram em conflitos ontem, e nove no sábado.
Apesar disso, as autoridades consideram que a situação na região está estável.
O presidente do governo autônomo do sul, Salva Kiir, votou no principal centro de Juba, localizado no Mausoléu de John Garang, fundador do SPLA (Exército de Libertação do Povo Sudanês).
"John Garang e os que morreram com ele na luta estão aqui conosco hoje, e esperamos que não tenham sido mortos em vão", disse em homenagem ao líder histórico, logo após votar.
Kiir comanda uma região em que mais de 50% da população vive com menos de US$ 1 por dia, e a infraestrutura é quase inexistente.


Texto Anterior: Análise: Caso levará a uma virada no discurso, mas em que direção?
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.