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AMBIENTE
Tema é objeto de fórum da ONU na Cidade do México
Má administração tira acesso de mais de 1 bilhão a água potável
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A "natureza" leva a culpa pela
falta e pelo excesso de água no
planeta -em secas ou inundações que podem matar milhares.
Mas é a péssima administração
pública em boa parte da Terra que
faz com que quase um quinto da
população mundial não tenha
acesso a água potável, e que 40%
não tenham saneamento básico.
E a coisa tende a piorar muito se
a gestão dos recursos não for
aperfeiçoada, de acordo com o relatório mais abrangente sobre o
tema, agora divulgado pela ONU.
De 16 a 22 de março a entidade sedia um fórum sobre o acesso à
água na Cidade do México.
Apesar de China e Índia serem
os queridinhos do momento da
economia mundial pelo seu rápido crescimento, são estes dois
países -os dois mais populosos
do planeta- que respondem por
metade dos seres humanos com
água ruim e esgoto inexistente.
Na África ao sul do deserto do
Saara, a situação tende a ficar ainda pior. A falta de controle da
qualidade da água ajuda a disseminação de doenças ligadas a ela,
como a diarréia ou as transmitidas por insetos que se multiplicam em cursos d'água.
Os recursos naturais existem na
África, mas não são usados. Por
exemplo: enquanto a Europa usa
75% do seu potencial hidrelétrico,
a África aproveita apenas 7%, segundo a ONU.
Mais grave ainda é o impacto da
devastação ambiental sobre os recursos hídricos, e também sobre
eventuais desastres naturais ligados à água. Tanto a falta como o
excesso causam problemas.
O desflorestamento em países
como o Haiti criou tanta erosão
que uma tempestade que em países vizinhos causa problemas moderados ali pode causar grandes
tragédias, como fez recentemente.
Outros países em que desastres
causados por água em excesso são
riscos constantes são Bangladesh,
China, Índia, Paquistão e Filipinas
-e mesmo países desenvolvidos,
como os EUA (que sofreram no
ano passado o impacto do furacão
Katrina na região de Nova Orleans) e a Holanda, com parte significativa do território abaixo do
nível do mar.
Outro exemplo extremo é o lago
Tchade, na África, que desde os
anos 60 encolheu em 90% por
conta de desflorestamento e projetos insustentáveis de irrigação.
Perspectivas
O problema ainda vai piorar
muito, pois hoje 70% da água utilizada pelos seres humanos vai
para irrigação na agricultura. E a
ONU estima que em 2030 o planeta vai precisar de 55% mais alimentos.
O problema, grave no campo,
tende a ser ainda pior nas cidades.
No ano que vem, metade da humanidade vai estar vivendo em
áreas urbanas -uma boa parte
em favelas e cortiços sem acesso a
água e a saneamento.
O cenário não tenderá a melhorar se os fatores de governança
não forem sanados: corrupção no
acesso aos recursos, falta de investimentos e descaso com o ambiente.
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