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Lula condena greve de fome de cubanos dissidentes
Para brasileiro, jejum é "insanidade" e a Justiça de Cuba deve ser respeitada
Artifício usado por presos políticos não deve servir
de "pretexto de direitos humanos para liberar pessoas", diz presidente
Desmond Boylan/Reuters
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O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há 15 dias pela libertação de presos
DA REDAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem, em entrevista à agência Associated
Press, respeito às decisões da
Justiça cubana e condenou o
uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para
serem libertados da prisão.
"Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos de deter as pessoas
em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode
ser utilizada como um pretexto
de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos
os bandidos presos em São
Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade."
Em 23 de fevereiro, um dia
antes de Lula visitar Cuba e se
reunir com os irmãos Castro, o
preso político Orlando Zapata
Tamayo morreu após fazer greve de fome por 85 dias. Desde
então, aumentaram as pressões
internas e as críticas por parte
de EUA, Europa e ONGs, pedindo respeito aos direitos humanos na ilha.
Para honrar a causa de Zapata e reivindicar a libertação de
outros 26 presos de consciência doentes, outro dissidente, o
jornalista Guillermo Fariñas,
iniciou greve de fome que hoje
completa 15 dias.
"Gostaria que não ocorressem [detenções de presos políticos], mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba
os deteve, como tampouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil", disse o mandatário brasileiro, lembrando que
ele mesmo fez jejum nos anos
1980, durante a ditadura militar brasileira, e classificando a
prática de "insanidade".
A posição brasileira contrasta com a francesa -ontem, a
Chancelaria da França se disse
"cada vez mais preocupada
com o estado de saúde de Fariñas, muito debilitado por sua
greve de fome" e fez um "chamado solene" ao regime castrista pela libertação dos presos
políticos, que pede que ocorra
em caráter de "urgência".
Carta a Lula
Também ontem, um grupo
de dissidentes cubanos disse
que a Embaixada do Brasil em
Havana não enviou, por falta de
assinaturas, a carta que eles tinham escrito e endereçado a
Lula pedindo a interferência
brasileira pelos presos políticos
da ilha e no caso Fariñas, citando a "credibilidade, liderança
regional e interlocução privilegiada" do presidente com as autoridades cubanas.
O dissidente Manuel Cuesta
Morúa relatou à agência Efe
que a carta do "Comitê Pró-Liberdade dos Prisioneiros Políticos Orlando Zapata Tamayo",
criado na semana passada, não
estava assinada pelos cerca de
cem membros do grupo, "dada
a urgência do caso Fariñas". Segundo ele, porém, a carta não
seria encaminhada pela embaixada ao presidente brasileiro
até que fosse devidamente assinada. "Então, entre hoje [ontem] e amanhã vamos buscar
assinaturas", agregou.
O segundo-secretário da embaixada, Marcio José Bezerra
dos Santos, disse à agência que
a representação soube da carta
pela imprensa e que um jornalista lhe enviou o texto. Só três
horas depois um texto idêntico
chegou à recepção da embaixada, informou.
Com agências internacionais
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