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ESPIONAGEM NUCLEAR
Cientista de origem chinesa, que trabalhava em projetos militares secretos, é demitido; China nega acusação
EUA já têm suspeito de espionar para China
MARCELO DIEGO
de Nova York
O governo dos EUA demitiu o
cientista Wen Ho Lee (chinês, naturalizado norte-americano) sob a
suspeita de ter passado informações secretas sobre armamento
nuclear à China.
Lee trabalhava como cientista da
computação no Laboratório Federal de Los Alamos, no Novo México (sul do país). O local é responsável por desenvolver projetos de armamentos militares.
Ele é a primeira vítima do chamado "escândalo nuclear". Desde
o ano passado, um comitê especial
da Câmara dos Representantes
(deputados) vinha fazendo uma
análise sobre as relações entre
EUA e China.
O relatório apontou evidências
de que os chineses estariam roubando segredos militares norte-americanos desde os anos 80. Na
década passada, segundo o governo de Washington, a China desenvolveu sua primeira bomba nuclear, com tecnologia de fabricação semelhante à norte-americana. Agora, estaria trabalhando
num projeto idêntico ao do W-88,
a mais avançada bomba em miniatura já desenvolvida pelo país.
Segundo o relatório, a quantidade e a qualidade de informação
disponível na China são incompatíveis com o progresso do país na
área nuclear.
Ao ler o documento, o presidente
Bill Clinton pediu abertura de investigações. Paralelamente, a CIA
(serviço de inteligência dos EUA) e
o FBI já investigavam a possibilidade de espionagem.
Eles tinham o nome de Lee porque ele mandava mensalmente
correspondências para Pequim.
Os agentes, dizendo ser um procedimento de rotina, fizeram um
requerimento para que ele prestasse depoimento em 1997. Ele foi rejeitado no teste de detector de
mentira, quando negou ser espião
(o teste não tem valor judicial).
Foi decidido que, dali em diante,
Lee seria vigiado pelo FBI.
A denúncia da Câmara precipitou os fatos e o FBI voltou a procurar Lee na sexta-feira, que se negou
a cooperar. Ele foi demitido anteontem, mas não foi acusado de
nenhum crime, pois as autoridades não tinham provas contra ele.
Mas o FBI continuará trabalhando
no caso.
Lee desligou o aparelho telefônico e desapareceu de sua casa. Vizinhos não sabem para onde ele foi.
O cientista não saiu do país, segundo as autoridades. Ele é casado
com uma norte-americana, Sylvia.
A mulher de Lee foi convidada, em
98, para dar uma palestra na China, a convite do governo chinês. O
marido a acompanhou.
Segundo o secretário de Energia,
Bill Richardson, os EUA têm certeza de que informações militares secretas foram roubadas e passadas
para a China.
O porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores da China, Zhu
Bangzao, voltou a negar, como fizera duas vezes antes, que o país
espionou ou esteja espionando os
EUA e roubando informações.
"Tudo não passa de rumores fabricados pela mídia", afirmou.
Dissidente preso
No último dia 2, o escritor chinês
Wang Lixiong foi preso pela polícia de Pequim acusado de divulgar
"segredos de Estado". A informação foi revelada ontem.
Com agências internacionais
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