São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2001

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PERU

Terceira colocada na eleição presidencial, com pouco mais de 20% dos votos, ela se torna essencial na disputa do 2º turno

Toledo e García buscam apoio de Flores

Associated Press
Toledo ergue o braço de García na madrugada de ontem, após a divulgação de pesquisas que os colocavam no 2º turno peruano



ROGERIO WASSERMANN
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Com a definição da disputa do segundo turno da eleição presidencial entre o economista Alejandro Toledo e o ex-presidente Alan García (1985-1990), os dois iniciaram ontem a busca por apoios na disputa.
O principal alvo das gestões dos dois é Lourdes Flores, 41, que ficou em terceiro lugar, pouco atrás de García. A ex-deputada, que passou boa parte da campanha como forte candidata ao segundo turno, acabou surpreendida por García na reta final. Ela já admitiu sua derrota.
Segundo os dados da Onpe (órgão eleitoral oficial), Toledo, do partido Peru Possível (centro-direita) tinha 36,48% dos votos válidos com 73,12% das urnas apuradas até as 16h de ontem (18h em Brasília). García, do Partido Aprista (centro-esquerda), tinha 26,11%, e Flores, da Unidade Nacional (centro-direita) vinha em seguida, com 23,69%.
O segundo turno deve ser realizado 30 dias após o fim da apuração e da validação dos resultados pelo JNE (a Justiça eleitoral), o que deve acontecer até o início da próxima semana.
Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, que haviam sido publicadas no domingo anterior à eleição, 49% do eleitorado votaria em Toledo num segundo turno contra García, que teria 29% das preferências.

Toledo e García
A busca por alianças começou ainda na noite de anteontem, quando Toledo saiu do Hotel Sheraton, no centro de Lima, onde havia montado um quartel-general para acompanhar as apurações, para visitar e cumprimentar seus dois principais adversários na disputa de anteontem.
Por volta das 23h30 (1h30 de ontem em Brasília), Toledo entrou na sede da campanha de García, para a surpresa dos simpatizantes do ex-presidente aglomerados do lado de fora do edifício, que gritavam "Toledo é aprista!". Ele seguiu então para a sede da Unidade Nacional, mas Flores já havia deixado o local. Ao longo do dia, ela se negou a comentar sobre alianças para o segundo turno.
Para o deputado reeleito Jorge del Castillo, do Partido Aprista, candidato à segunda vice-presidência na chapa de García, as alianças dependerão de consenso sobre pontos que o partido considera importantes, como "o fortalecimento da democracia, a reativação do aparato produtivo, a geração de emprego e a descentralização administrativa".

Transparência
As principais missões de observadores das eleições peruanas celebraram ontem a tranquilidade e a transparência do pleito de domingo. No ano passado, denúncias de fraude marcaram as eleições que deram ao então presidente Alberto Fujimori (1990-2000) um terceiro mandato consecutivo de cinco anos.
Fujimori acabou renunciando em novembro após uma crise provocada por denúncias de corrupção e tráfico de influência envolvendo seu braço direito e chefe do serviço de inteligência, Vladimiro Montesinos. A renúncia, apresentada por carta do Japão, durante uma viagem oficial, não foi aceita pelo Congresso, que o afastou por "incapacidade moral". Fujimori permanece auto-exilado no Japão.
O então presidente do Congresso, Valentín Paniagua, assumiu a Presidência após a destituição de Fujimori. À frente de um governo de transição, Paniagua ficou neutro no processo eleitoral.



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