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Urna mostra
reprovação a
fujimoristas
DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA
As eleições de anteontem no
Peru parecem ter enterrado o fujimorismo do ponto de vista político. O candidato a presidente do
partido Solução Popular, Carlos
Boloña, ministro da Economia de
Alberto Fujimori (1990-2000), recebeu apenas 1,7% dos votos, segundo as últimas projeções.
O partido de Boloña teria conseguido eleger, pelas projeções, 2
dos 120 deputados do Congresso.
O partido a que pertencia Fujimori, o Cambio 90/Nova Maioria,
que não teve candidato à Presidência e não apoiou Boloña, teria
feito quatro deputados.
Fujimori dispôs de maioria no
Congresso entre 1992, quando foi
eleita uma Assembléia Constituinte após o autogolpe comandado por ele, e o início da crise
que terminou por derrubá-lo, no
segundo semestre de 2000.
Nas eleições do ano passado, os
partidos aliados de Fujimori haviam perdido a maioria nas urnas,
mas passaram a ter superioridade
com a mudança de lado de alguns
deputados eleitos pela oposição.
Os deputados que mudaram de
lado, descobriu-se depois, teriam
recebido dinheiro de Vladimiro
Montesinos, ex-braço direito de
Fujimori e ex-chefe do serviço de
inteligência.
"Os resultados da eleição mostraram que, com democracia,
com um processo justo e limpo, o
fujimorismo desaparece quase totalmente do panorama político.
Essa é a democracia: quando há
possibilidade de competir de forma limpa, as ditaduras e os corruptos saem do jogo", afirmou o
analista político Julio Cotler.
Vaias
Ao votar, domingo de manhã,
Boloña negou a pecha de "candidato fujimorista".
"Não me apresentei como candidato representante da imoralidade nem para pagar algum favor
político. Sou só um peruano que
queria salvar as coisas boas feitas
pelo governo anterior", afirmou o
ex-ministro.
Boloña, assim como outras das
principais figuras fujimoristas,
enfrentou protestos e vaias ao
comparecer ontem pela manhã
para votar no colégio Alfonso
Ugarte, no bairro nobre de San
Isidro, em Lima.
A deputada Martha Chávez, do
partido Cambio 90/Nova Maioria,
chegou a discutir com uma eleitora na fila de votação do Colégio
Las Camponesas de la Cruz, no
bairro Pueblo Libre. Chávez, que
baseou sua campanha em anunciar supostas ameaças da volta do
terrorismo ao Peru, foi votar
acompanhada de seis guarda-costas para evitar os protestos.
A ex-presidente do Congresso
Martha Hildebrandt (Cambio
90/Nova Maioria) também enfrentou hostilidades durante os
dez minutos que esperou na fila
de votação do Colégio Pestalozzi,
no bairro de Miraflores.
Até ontem à tarde, a reeleição de
Hildebrandt ainda era incerta, segundo as projeções a partir da
apuração dos votos.
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