São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2001

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Urna mostra reprovação a fujimoristas

DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA

As eleições de anteontem no Peru parecem ter enterrado o fujimorismo do ponto de vista político. O candidato a presidente do partido Solução Popular, Carlos Boloña, ministro da Economia de Alberto Fujimori (1990-2000), recebeu apenas 1,7% dos votos, segundo as últimas projeções.
O partido de Boloña teria conseguido eleger, pelas projeções, 2 dos 120 deputados do Congresso. O partido a que pertencia Fujimori, o Cambio 90/Nova Maioria, que não teve candidato à Presidência e não apoiou Boloña, teria feito quatro deputados.
Fujimori dispôs de maioria no Congresso entre 1992, quando foi eleita uma Assembléia Constituinte após o autogolpe comandado por ele, e o início da crise que terminou por derrubá-lo, no segundo semestre de 2000.
Nas eleições do ano passado, os partidos aliados de Fujimori haviam perdido a maioria nas urnas, mas passaram a ter superioridade com a mudança de lado de alguns deputados eleitos pela oposição. Os deputados que mudaram de lado, descobriu-se depois, teriam recebido dinheiro de Vladimiro Montesinos, ex-braço direito de Fujimori e ex-chefe do serviço de inteligência.
"Os resultados da eleição mostraram que, com democracia, com um processo justo e limpo, o fujimorismo desaparece quase totalmente do panorama político. Essa é a democracia: quando há possibilidade de competir de forma limpa, as ditaduras e os corruptos saem do jogo", afirmou o analista político Julio Cotler.

Vaias
Ao votar, domingo de manhã, Boloña negou a pecha de "candidato fujimorista".
"Não me apresentei como candidato representante da imoralidade nem para pagar algum favor político. Sou só um peruano que queria salvar as coisas boas feitas pelo governo anterior", afirmou o ex-ministro.
Boloña, assim como outras das principais figuras fujimoristas, enfrentou protestos e vaias ao comparecer ontem pela manhã para votar no colégio Alfonso Ugarte, no bairro nobre de San Isidro, em Lima.
A deputada Martha Chávez, do partido Cambio 90/Nova Maioria, chegou a discutir com uma eleitora na fila de votação do Colégio Las Camponesas de la Cruz, no bairro Pueblo Libre. Chávez, que baseou sua campanha em anunciar supostas ameaças da volta do terrorismo ao Peru, foi votar acompanhada de seis guarda-costas para evitar os protestos.
A ex-presidente do Congresso Martha Hildebrandt (Cambio 90/Nova Maioria) também enfrentou hostilidades durante os dez minutos que esperou na fila de votação do Colégio Pestalozzi, no bairro de Miraflores.
Até ontem à tarde, a reeleição de Hildebrandt ainda era incerta, segundo as projeções a partir da apuração dos votos.


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