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Seqüestros põem países aliados em situação difícil
DA REDAÇÃO
O seqüestro anteontem de três
japoneses no Iraque jogou o primeiro-ministro Junichiro Koizumi na pior crise dos três anos de
seu governo. Parentes dos civis
aprisionados e milhares de manifestantes pediram ontem que Koizumi ceda às exigências dos seqüestradores. No Iraque foi anunciado o seqüestro de mais quatro
italianos e dois americanos.
"Nós não podemos nos curvar
diante das ameaças covardes de
terroristas. Não conhecemos esse
grupo [as Brigadas Mujahideen,
que reivindicaram o seqüestro]. O
que precisamos fazer agora é conseguir informações precisas e trazê-los para casa em segurança",
disse Koizumi, que prometeu não
retirar as tropas japonesas.
Um assessor de Moqtada al
Sadr negou que o seqüestro tenha
sido realizado por milicianos ligados ao clérigo radical líder do levante xiita: "Condenamos tais
atos e rezamos pela libertação".
Para soltar os três cativos (um
cinegrafista free-lancer e uma
mulher e um homem que trabalham em agências humanitárias),
os seqüestradores exigem que o
Japão retire suas tropas do Iraque.
Caso contrário, os reféns serão
queimados vivos. O prazo dado
pelos iraquianos termina na manhã de amanhã.
O governo de Koizumi concordou em enviar ao Iraque 1.100 militares para trabalhar em tarefas
relacionadas à reconstrução do
país -até o momento, apenas a
metade desse contingente entrou
em operação. Críticos da decisão
afirmam que ela, por mandar soldados a uma zona de guerra, infringe a Constituição japonesa
adotada após a derrota do país na
Segunda Guerra Mundial.
Líderes da oposição disseram
apoiar a decisão de não ceder aos
seqüestradores, mas atacaram
Koizumi. "Nós antevimos problemas como esse quando o governo
decidiu mandar as tropas. O premiê tem uma séria responsabilidade pela criação dessa situação",
disse Katsuya Okada, secretário-geral do Partido Democrático.
O envolvimento no Iraque poderá custar ao PLD (Partido Liberal Democrático) o governo do Japão. O envio das tropas não conta
com grande aprovação da população e em julho acontecem eleições parlamentares.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, teve uma reunião por videoconferência com seus principais assessores de segurança para
discutir o Iraque. Também conversou por telefone com o premiê
italiano, Silvio Berlusconi, e os
presidentes Aleksander Kwasniewski (Polônia) e Francisco Flores (El Salvador). Segundo um
porta-voz, "todos reafirmaram o
compromisso comum de ajudar o
povo iraquiano a concretizar um
futuro livre e democrático".
O vice-presidente americano,
Dick Cheney, chega hoje ao Japão.
Ele se encontrará com Koizumi
na segunda-feira e também irá à
Coréia do Sul. Segundo assessores, Cheney procurará convencer
os aliados a manter seu apoio.
A Coréia do Sul já disse que não
recuará, mas proibiu viagens de
civis ao Iraque -anteontem, oito
sul-coreanos foram seqüestrados
e soltos no mesmo dia.
Austrália, Bulgária, Filipinas,
Azerbaijão, Geórgia e Holanda
descartaram abandonar a coalizão. A Tailândia deixou aberta a
possibilidade de retirar seus soldados. A Rússia pediu o "fim das
atividades militares".
Novos reféns
Insurgentes iraquianos anunciaram o seqüestro de quatro italianos e dois americanos a oeste
de Bagdá. O governo italiano, depois de consultar organizações da
imprensa e de ajuda humanitária,
informou desconhecer o desaparecimento de compatriotas. A imprensa italiana especula que possam ser ex-militares que estejam
trabalhando incógnitos para empresas privadas de segurança.
Além dos japoneses e sul-coreanos, também foram seqüestrados
anteontem dois palestinos e um
canadense. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser
Arafat, instruiu sua embaixada
em Bagdá a "estabelecer contato
com diversas facções iraquianas
para resolver o problema".
Com agências internacionais
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