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Para Amorim, ilha é grande teste de Obama
JULIANA ENNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
O chanceler Celso Amorim
afirmou ontem que o grande
teste para Barack Obama será a relação com Havana: "O
grande teste para os EUA vai
ser Cuba. Se o presidente disser que está aberto ao diálogo
com Cuba sem condições
prévias, poderá haver gestos
concretos".
Amorim volta a defender
diálogo do novo governo
americano com o regime comunista um dia depois de receber em Brasília o novo
chanceler de Cuba, Bruno
Rodríguez, e às vésperas da
Cúpula das Américas, primeiro compromisso de Obama na região, em Trinidad e
Tobago.
Rodríguez, que também se
reuniu com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, escolheu o Brasil, e não a também aliada Venezuela, como
destino de sua primeira viagem oficial no cargo que ocupa desde o mês passado. Antes de vir a Brasília, o novo
chanceler havia se reunido
com congressistas americanos em Havana.
Após ministrar aula no 6º
Curso para Diplomatas Sul-Americanos ontem no Rio,
Amorim disse ainda que o
Brasil poderá ajudar a Venezuela a estreitar laços com os
EUA na cúpula. O chanceler
avaliou que o entendimento
entre os dois países pode ficar mais próximo.
Indagado se o Brasil mediaria uma tentativa de entendimento, Amorim respondeu que os dois países
"não precisam de mediadores". Usou, no entanto, o termo "ajudar" ao descrever o
papel do Brasil e disse que o
país sempre tentou atenuar o
conflito. "Podendo ajudar,
sempre temos ajudado".
Segundo Amorim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem conversado tanto
com o americano Barack
Obama quanto com o venezuelano Hugo Chávez sobre
o entendimento: "Ele tem dito que é uma oportunidade
para o diálogo".
A aproximação poderá
ocorrer em um encontro entre os dois presidentes já na
cúpula da próxima semana.
Como a Folha revelou há
uma semana, Lula levantou
o tema durante o encontro
que teve com Obama, em
Washington, em março.
Na ocasião, Lula disse
abertamente ao colega americano que o venezuelano
havia lhe pedido "um canal
de diálogo" com os EUA.
"Eu acho que é preciso haver um crédito de confiança
recíproca para que as cicatrizes do passado não continuem a ser um impedimento
para a melhoria das relações
no futuro", afirmou Amorim
ontem.
O lado positivo de Obama,
continuou, seria não ter a
"bagagem, o peso da relação
entre [seu antecessor George W.] Bush e Chávez".
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