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Milhares vão à rua na Geórgia pedir a saída do presidente
Oposição reuniu 60 mil em ato que acusou Saakashvili de práticas antidemocráticas
Analistas afirmam que dirigente do país tem apoio significativo dos eleitores e falta unidade à oposição para conseguir substituí-lo
DA REDAÇÃO
Cerca de 60 mil manifestantes foram ontem às ruas de Tbilisi, capital da Geórgia, para pedir a saída do presidente Mikheil Saakashvili do cargo.
Líderes da oposição discursaram criticando a desastrosa
guerra contra a Rússia travada
no ano passado em torno de
uma Província separatista
georgiana e prometeram manter protestos diários até que o
dirigente saia do poder.
Os manifestantes e grupos
oposicionistas acusam Saakashvili, que chegou ao poder
em 2003 prometendo reformas
democratizantes e um governo
pró-Ocidente, de monopolizar
o poder e barrar as mudanças.
Em agosto passado, a Rússia
interveio no conflito entre o
poder central georgiano e a região separatista da Ossétia do
Sul, de maioria russa, que declarou uma independência reconhecida formalmente apenas por Moscou. Seguiu-se uma
guerra de seis dias entre o Exército russo e a Geórgia, sem que
o governo de Saakashvili conseguisse ao final restabelecer
controle sobre a região.
Os oradores responsabilizaram o presidente ontem, durante as manifestações, pela
derrota. Líderes da oposição
também acusaram o atual governo de intervir no Judiciário
e pressionar a mídia local.
Há relatos de manifestações
de menor escala em outras cidades do país. Líderes da oposição disseram que a polícia
prendeu 60 ativistas contrários
ao governo durante a noite de
véspera do anunciado protesto,
além de acusarem o governo local de limitar o transporte público para Tbilisi como forma
de diminuir o comparecimento
de manifestantes. A polícia negou as acusações.
Saakashvili divide opiniões
na ex-república soviética. Mas
analistas dizem que a oposição,
por sua vez, é fragmentada, tem
líderes fracos e pouca presença
política fora da capital do país,
o que dificulta a realização de
seu objetivo declarado de forçar a saída do presidente.
Entre os manifestantes ontem estavam ex-integrantes do
governo de Saakashvili, que criticam a capacidade administrativa do dirigente.
Irakly Alasania, ex-embaixador do país para a ONU, discursou durante o ato, dizendo que
ali se tratava de um "referendo"
contrário à continuidade do
atual governo.
"O mundo inteiro está olhando para nós agora", disse Alasania para os manifestantes.
"Estamos aqui para mostrar
ao governo e aos outros países
que essa é a única maneira de
conseguirmos mudança de verdade", declarou.
Tido como impulsivo e inconsequente pelos seus opositores, o presidente no entanto
mantém apoio principalmente
no interior do país, e muitos
georgianos se uniram em torno
de seu nome depois do conflito
com a Rússia.
Com agências internacionais
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