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Cantor e exilado debatem regime de Cuba
Após trocar correspondência com Carlos Montaner, Silvio Rodríguez estrela show em defesa de Havana
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Após cobrar "evolução" no
regime cubano e travar uma
inusual troca de correspondências com o escritor e jornalista
exilado Carlos Alberto Montaner, o cantor Silvio Rodríguez
estrelará hoje, em Havana, um
show "em repúdio à campanha" contra a ilha, anunciaram
os jornais oficiais.
O intercâmbio de mensagens
entre os antípodas do mundo
político e cultural cubano e os
shows pró-regime de hoje -haverá também um em Santiago
de Cuba- são termômetros da
repercussão, inclusive interna,
provocada pela morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo,
em fevereiro, após 85 dias de
greve de fome. O episódio desatou onda de pressão internacional pelo fim da repressão.
Com o concerto, Rodríguez,
um dos ícones da música cubana, demonstrará "sua confiança no processo transformador"
da revolução, escrevem os
meios estatais, que sustentam
que suas declarações recentes
"foram manipuladas".
Há duas semanas, no lançamento de seu disco "Segunda
Cita", em Havana, Silvio Rodríguez, citando uma canção, sugeriu suprimir o "R" de revolução. Queixou-se de a imprensa
oficial não reportar debates sobre os rumos do país.
Dias depois, no site esquerdista www.rebelion.org, Rodríguez criticou as reportagens na
imprensa internacional que
condenam o regime sem atacar
a embargo americano à ilha e
perguntou se Carlos Alberto
Montaner -um dos ícones do
anticastrismo, exilado desde
1961- repudiaria ataques perpetrados por exilados e a CIA.
Montaner respondeu: assinaria, sim, texto em repúdio
contra as vítimas provocadas
pelo exílio. Questionou se Rodríguez faria o mesmo com relação às vítimas do castrismo,
entre as quais os mortos no
naufrágio provocado de um
barco com exilados em 1994 e
cubanos mortos na guerra de
Angola (1976-2002).
Resposta a Raúl?
Rodríguez devolveu dizendo
que sempre condenou a morte
dos "balseiros" e defendendo as
guerras das quais Cuba participou na África. Ontem, Montaner provocou Rodríguez, citando o ostracismo imposto a artistas antirregime e defendeu
uma Cuba "sem exclusões".
Apesar das alegações de que
suas declarações estão sendo
"manipuladas", Rodríguez, em
entrevista ao jornal argentino
"Página 12", nesta semana, sinalizou uma resposta, desta vez
ao próprio Raúl Castro, dirigente máximo de Cuba.
Disse que, se dependesse dele, libertaria todos os cem presos "ditos" políticos. "Não me
importaria que dissessem que
os liberei por pressão. Saberia
que o fiz porque há que mudar a
velha lógica." No domingo passado, Raúl disse que a ilha não
cederia "a chantagens".
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