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TERROR
Pastrana visita cidade onde 119 civis foram mortos na semana passada em confrontos entre guerrilheiros e paramilitares
ONU investigará matança na Colômbia
DA REDAÇÃO
Uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas) investigará até o próximo domingo a matança de 119 civis na cidade de
Bojayá, no Departamento (Estado) de Chocó (noroeste da Colômbia), na semana passada, durante confronto entre paramilitares e guerrilheiros de esquerda.
A investigação havia sido pedida pelo presidente da Colômbia,
Andrés Pastrana. O chefe da missão, o sueco Anders Kompass,
viajou ontem para a região, acompanhado de dois funcionários do
escritório do Alto Comissariado
da ONU para os Direitos Humanos em Bogotá, o qual Kompass
dirige. O secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, e a Alta Comissária da ONU para Direitos
Humanos, Mary Robinson, declararam seu total respaldo à missão.
O presidente Pastrana também
visitou ontem a região, acompanhado dos ministros da Defesa,
Gustavo Bell, do Interior, Armando Estrada, e do Desenvolvimento, Eduardo Pizano, em meio a
críticas contra o governo por ter
ignorado ao menos seis advertências sobre um ataque iminente de
grupos armados na cidade.
Pastrana percorreu as ruas ainda cheias de escombros da cidade,
quase abandonada depois que
mais de 4.000 moradores fugiram
por medo de novos combates.
A quase totalidade das mortes
da semana passada ocorreu quando um cilindro-bomba explodiu
dentro de uma igreja, na qual centenas de pessoas buscavam refúgio do fogo cruzado. A bomba teria sido lançada por membros das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que tentavam desalojar os paramilitares
que controlavam o povoado.
Segundo o prefeito de Bojayá,
Ariel Palacio, os dois grupos travam uma disputa pelo controle
das plantações de coca na região.
Pastrana afirmou que a matança "confirma uma vez mais a condição de terroristas" das Farc, o
principal grupo guerrilheiro do
país. Segundo ele, um retorno à
mesa de negociações com o grupo
será impossível "enquanto a ala
militar se impuser sobre a ala política" da guerrilha.
Em fevereiro, Pastrana rompeu
o processo de paz com a guerrilha
marxista, iniciado em 1998. A gota
d'água foi o desvio de um avião
comercial e o sequestro de um senador que estava no vôo.
"Estou seguro de que a ala política das Farc nunca teria aprovado um massacre como o que se viveu aqui", afirmou o presidente.
Antes de chegar à cidade, Pastrana havia dito que o objetivo de
sua viagem era "expressar a solidariedade do governo com a população" e anunciar uma ajuda
para a reconstrução.
Mas o governo foi acusado pelo
defensor do povo (ouvidor),
Eduardo Cifuentes, de ter sido
omisso em relação a alertas sobre
riscos que corriam diversas cidades da região. Segundo ele, entre
junho de 2001 e sete dias antes da
matança, a defensoria enviou pelo
menos seis mensagens de alerta à
Presidência, às Forças Armadas e
às autoridades locais.
O comandante do Exército na
região, general Mario Montoya,
disse que somente neste ano as
forças de segurança já receberam
125 alertas desse tipo. "Quase todos os dias recebemos alertas. Estamos vivendo uma guerra", disse. O Exército e a polícia haviam
deixado Bojayá havia alguns anos,
após a tomada do controle por
grupos armados. Somente anteontem, após quase uma semana
da matança, os militares chegaram novamente à cidade.
Cifuentes disse que pedirá uma
indenização do Estado para as famílias das vítimas, mas indicou
que a responsabilidade penal recairia sobre as Farc.
Com agências internacionais
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