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IRAQUE OCUPADO
Proposta que dá controle do petróleo a Washington é apresentada; Rumsfeld diz ser impossível prever fim da ocupação
EUA pedem que CS da ONU seja rápido
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Os EUA pediram que o Conselho de Segurança (CS) da ONU seja rápido ao analisar proposta de
resolução, apresentada ontem,
que dá a Washington e Londres
controle sobre o petróleo do Iraque e prevê que as tropas americanas e britânicas fiquem no país
por pelo menos 12 meses.
O secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld, disse que a reconstrução do Iraque estava "melhor a
cada dia". Mas disse ser difícil
prever com exatidão a duração da
ocupação do país: "Quem disser
quanto tempo levará estará se enganando". "É uma transição muito difícil da repressão e do despotismo para um sistema com mais
liberdade", disse ele.
O plano para acabar com as sanções ao país prevê que até mesmo
cerca de US$ 3 bilhões que estão
atualmente sob controle do programa da ONU Petróleo por Comida sejam transferidos para um
fundo administrado pelas forças
que ocupam o Iraque atualmente.
Supervisionados por um conselho de administração multilateral,
EUA e Reino Unido decidiriam
como investir o dinheiro.
Enquanto a proposta era apresentada em Nova York, membros
do governo americano pediram
em Washington pressa ao CS.
"Nas próximas semanas, os
campos de petróleo vão estar produzindo uma quantidade de óleo
que muito rapidamente esgotará
a capacidade de armazenamento
da região", disse o secretário de
Estado, Colin Powell. "Não queremos que as refinarias fechem,
pois elas produzem gasolina e gás
de cozinha, coisas necessárias aos
iraquianos. Espero que nossos colegas no CS vejam a proposta sob
essa perspectiva."
O controle do petróleo do Iraque pelos EUA é ponto crucial da
proposta, que pede o fim das sanções impostas ao Iraque em 1990,
após a invasão do Kuait.
"Todo mundo sabe que são os
EUA quem têm a tecnologia necessária para a indústria do petróleo no Iraque", disse Judith Kipper, diretora do Middle East Forum. "O importante é que o dinheiro do petróleo fique disponível para a reconstrução."
O plano de oito páginas apresentado em Nova York mantém o
programa Petróleo por Comida
por quatro meses além da data em
que deveria acabar -3 de junho,
dia definido por diplomatas como limite para o debate na ONU.
Diplomatas de outros países tiveram reações bastante contidas
diante do plano. O tom morno
dominou inclusive países que co-patrocinam a proposta, como a
Espanha. "Achamos que o texto
pode ser melhorado. Mas, no final
das contas, é uma boa maneira de
tentar achar uma solução para
uma situação que é complicada",
disse o embaixador espanhol na
ONU, Inocencio Arias.
Seu colega russo disse ter uma
série de dúvidas sobre o texto.
Moscou tem dito que a volta dos
inspetores de armas ao Iraque é
pré-requisito para o fim das sanções. A França voltou a declarar
que a ONU deve ter um "papel
central" no Iraque, mas não entrou em maiores detalhes.
Posição mais favorável tiveram
Angola e Chile, que não haviam
apoiado os EUA nos debates antes da guerra. "Nossa reação inicial é muito favorável", disse o
chileno Gabriel Vales. "É um bom
começo", afirmou o embaixador
angolano, Ismael Martins.
A proposta marca a primeira
vez que os EUA se definem como
"força ocupante", o que impõe limites de ação por convenções internacionais -como não poder
usar os recursos naturais do território em benefício próprio.
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