UOL


São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Proposta que dá controle do petróleo a Washington é apresentada; Rumsfeld diz ser impossível prever fim da ocupação

EUA pedem que CS da ONU seja rápido

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Os EUA pediram que o Conselho de Segurança (CS) da ONU seja rápido ao analisar proposta de resolução, apresentada ontem, que dá a Washington e Londres controle sobre o petróleo do Iraque e prevê que as tropas americanas e britânicas fiquem no país por pelo menos 12 meses.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, disse que a reconstrução do Iraque estava "melhor a cada dia". Mas disse ser difícil prever com exatidão a duração da ocupação do país: "Quem disser quanto tempo levará estará se enganando". "É uma transição muito difícil da repressão e do despotismo para um sistema com mais liberdade", disse ele.
O plano para acabar com as sanções ao país prevê que até mesmo cerca de US$ 3 bilhões que estão atualmente sob controle do programa da ONU Petróleo por Comida sejam transferidos para um fundo administrado pelas forças que ocupam o Iraque atualmente.
Supervisionados por um conselho de administração multilateral, EUA e Reino Unido decidiriam como investir o dinheiro.
Enquanto a proposta era apresentada em Nova York, membros do governo americano pediram em Washington pressa ao CS.
"Nas próximas semanas, os campos de petróleo vão estar produzindo uma quantidade de óleo que muito rapidamente esgotará a capacidade de armazenamento da região", disse o secretário de Estado, Colin Powell. "Não queremos que as refinarias fechem, pois elas produzem gasolina e gás de cozinha, coisas necessárias aos iraquianos. Espero que nossos colegas no CS vejam a proposta sob essa perspectiva."
O controle do petróleo do Iraque pelos EUA é ponto crucial da proposta, que pede o fim das sanções impostas ao Iraque em 1990, após a invasão do Kuait.
"Todo mundo sabe que são os EUA quem têm a tecnologia necessária para a indústria do petróleo no Iraque", disse Judith Kipper, diretora do Middle East Forum. "O importante é que o dinheiro do petróleo fique disponível para a reconstrução."
O plano de oito páginas apresentado em Nova York mantém o programa Petróleo por Comida por quatro meses além da data em que deveria acabar -3 de junho, dia definido por diplomatas como limite para o debate na ONU.
Diplomatas de outros países tiveram reações bastante contidas diante do plano. O tom morno dominou inclusive países que co-patrocinam a proposta, como a Espanha. "Achamos que o texto pode ser melhorado. Mas, no final das contas, é uma boa maneira de tentar achar uma solução para uma situação que é complicada", disse o embaixador espanhol na ONU, Inocencio Arias.
Seu colega russo disse ter uma série de dúvidas sobre o texto. Moscou tem dito que a volta dos inspetores de armas ao Iraque é pré-requisito para o fim das sanções. A França voltou a declarar que a ONU deve ter um "papel central" no Iraque, mas não entrou em maiores detalhes.
Posição mais favorável tiveram Angola e Chile, que não haviam apoiado os EUA nos debates antes da guerra. "Nossa reação inicial é muito favorável", disse o chileno Gabriel Vales. "É um bom começo", afirmou o embaixador angolano, Ismael Martins.
A proposta marca a primeira vez que os EUA se definem como "força ocupante", o que impõe limites de ação por convenções internacionais -como não poder usar os recursos naturais do território em benefício próprio.


Próximo Texto: Bush defende comércio livre com Oriente Médio
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.