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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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AMÉRICA LATINA

"Amigos" da Venezuela não obtêm acordo

OTÁVIO DIAS
DA REDAÇÃO

Após dois dias de reuniões em Caracas, diplomatas dos seis países que integram o Grupo de Amigos da Venezuela, liderado pelo Brasil, não convenceram o governo e a oposição a fechar um acordo para a realização de um referendo sobre o mandato do presidente Hugo Chávez.
Ao final, o embaixador brasileiro Gilberto Saboia, 61, coordenador do grupo, leu uma nota: "O governo e a oposição declararam sua disposição de chegar a um acordo. O grupo os exorta a fazer esforços máximos e urgentes para superar com vontade política e dentro do espírito de boa-fé e de confiança as divergências que persistem".
Em entrevista por telefone à Folha, de Caracas, Saboia negou que as reuniões tenham sido um fracasso. "O Grupo de Amigos não fará milagres. Não podemos forçar uma solução", disse.
Segundo ele, a função do grupo -integrado por Brasil, EUA, México, Chile, Portugal e Espanha- é "apelar por um entendimento, lembrar os compromissos democráticos da América Latina e mostrar que a Venezuela não está sozinha em sua crise".
O objetivo das negociações é fechar um acordo para que seja organizado um referendo sobre a duração do mandato de Chávez, que vai até 2006. A Constituição permite o referendo somente após o mandato presidencial ultrapassar a metade, em 19 de agosto. É necessário recolher assinaturas de 20% do eleitorado venezuelano, de cerca de 11 milhões.
A oposição já o fez, mas o governo diz que as assinaturas só podem ser recolhidas após 19 de agosto. Há outros problemas, como a necessidade de escolher um Conselho Nacional Eleitoral que seja reconhecido por ambos os lados e o desejo da oposição de que a votação seja supervisionada internacionalmente, o que não agrada ao governo.
O governo também exige que a consulta se estenda a governadores, prefeitos e outros cargos eletivos. "Há muita desconfiança. O acordo contribuiria para reduzi-las", disse Saboia.
O conflito entre o governo e a oposição já resultou em uma tentativa de golpe contra Chávez e em uma greve geral que começou em dezembro de 2002 e só terminou em fevereiro, comprometendo a indústria petroleira.


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