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AMÉRICA LATINA
"Amigos" da Venezuela não obtêm acordo
OTÁVIO DIAS
DA REDAÇÃO
Após dois dias de reuniões em
Caracas, diplomatas dos seis países que integram o Grupo de
Amigos da Venezuela, liderado
pelo Brasil, não convenceram o
governo e a oposição a fechar um
acordo para a realização de um
referendo sobre o mandato do
presidente Hugo Chávez.
Ao final, o embaixador brasileiro Gilberto Saboia, 61, coordenador do grupo, leu uma nota: "O
governo e a oposição declararam
sua disposição de chegar a um
acordo. O grupo os exorta a fazer
esforços máximos e urgentes para
superar com vontade política e
dentro do espírito de boa-fé e de
confiança as divergências que
persistem".
Em entrevista por telefone à Folha, de Caracas, Saboia negou que
as reuniões tenham sido um fracasso. "O Grupo de Amigos não
fará milagres. Não podemos forçar uma solução", disse.
Segundo ele, a função do grupo
-integrado por Brasil, EUA, México, Chile, Portugal e Espanha-
é "apelar por um entendimento,
lembrar os compromissos democráticos da América Latina e mostrar que a Venezuela não está sozinha em sua crise".
O objetivo das negociações é fechar um acordo para que seja organizado um referendo sobre a
duração do mandato de Chávez,
que vai até 2006. A Constituição
permite o referendo somente
após o mandato presidencial ultrapassar a metade, em 19 de
agosto. É necessário recolher assinaturas de 20% do eleitorado venezuelano, de cerca de 11 milhões.
A oposição já o fez, mas o governo diz que as assinaturas só podem ser recolhidas após 19 de
agosto. Há outros problemas, como a necessidade de escolher um
Conselho Nacional Eleitoral que
seja reconhecido por ambos os lados e o desejo da oposição de que
a votação seja supervisionada internacionalmente, o que não
agrada ao governo.
O governo também exige que a
consulta se estenda a governadores, prefeitos e outros cargos eletivos. "Há muita desconfiança. O
acordo contribuiria para reduzi-las", disse Saboia.
O conflito entre o governo e a
oposição já resultou em uma tentativa de golpe contra Chávez e
em uma greve geral que começou
em dezembro de 2002 e só terminou em fevereiro, comprometendo a indústria petroleira.
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