São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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ÁSIA

Presidente Macapagal Arroyo lidera pesquisas, mas ex-astro do cinema encosta; país vê crescer atividade terrorista islâmica

Sob ameaça de terrorismo, Filipinas vai às urnas hoje

KATHY MARKS
DO "INDEPENDENT", NAS FILIPINAS

As autoridades filipinas estão em alerta máximo contra eventuais ataques terroristas destinados a tumultuar as eleições presidenciais de hoje, advertindo que a ilha de Mindanao, no sul, se tornou o principal campo de treinamento do grupo terrorista islâmico Jemaah Islamiyah (JI), acusado de manter vínculos com a rede terrorista Al Qaeda.
Ontem, os cinco candidatos presidenciais deixaram as diferenças políticas de lado e participaram de uma missa em Manila em favor de uma eleição pacífica, apesar de alertas de possíveis ataques terroristas e de fraude.
A presidente Gloria Macapagal Arroyo, candidata à reeleição, seu principal oponente, Fernando Poe Jr., e os outros três candidatos rezaram de mãos dadas pedindo uma eleição pacífica.
Apesar do apelo, ontem à noite desconhecidos jogaram uma granada no escritório de um candidato a prefeito em Caloocan, na região de Manila.
No interior, uma explosão seguida de incêndio destruiu documentos eleitorais em Tafta (leste).
Uma série de prisões nas últimas semanas frustrou planos para detonar bombas em Manila durante a corrida presidencial, na qual Macapagal Arroyo vê sua reeleição desafiada por um popular ex-astro de filmes de ação, Poe Jr. "Sem dúvida, salvamos algumas vidas", disse um diplomata ocidental. "Cedo ou tarde, porém, nossa sorte vai acabar."
O JI, responsabilizado pelo atentado que em 2002 matou cerca de 200 turistas na ilha de Bali (Indonésia), se infiltrou em Mindanao, onde se aliou com grupos terroristas separatistas.
No final de março, Arroyo disse que forças de segurança evitaram planos de um "ataque do nível de Madri" após a prisão de seis supostos membros do grupo extremista Abu Sayyaf, em Manila.
Segundo o governo, um dos presos confessou ter colocado uma bomba numa balsa na região de Manila, que matou cem pessoas no final de fevereiro.

Novo Afeganistão
A cooperação entre o JI e grupos separatistas armados do sul das Filipinas, de maioria islâmica, tem preocupado o governo federal e diplomatas ocidentais.
Um diplomata americano disse que Mindanao se tornou o principal refúgio para terroristas islâmicos, propiciando um bom ambiente para treinamento e levantamento de fundos.
"É como o Afeganistão alguns anos atrás", disse. "As ligações entre o JI e grupos locais estão cada vez mais fortes e complexas."
A ação liderada pelos EUA no Afeganistão e a perseguição contra o JI na Indonésia transformaram Mindanao numa base alternativa. Cerca de 70 membros do JI estariam em dois ou três campos mantidos na ilha.
Acredita-se que a Al Qaeda tenha enviado dinheiro e militantes para as Filipinas. Na semana passada, autoridades do país rastrearam US$ 25 mil, que teriam sido enviados por um membro da rede terrorista de Osama bin Laden para financiar operações do JI.
Arroyo tem sido uma firme aliada de Washington na "guerra o terror". Militares americanos têm estado no sul das Filipinas durante os últimos dois anos, treinando unidades militares.
O Exército filipino é consideram mal equipado para lidar com o terrorismo sozinho. No mês passado, 53 pessoas -das quais 20 membros da Abu Sayyaf- escaparam de uma prisão na ilha de Basilan.


Com agências internacionais


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