São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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JUSTIÇA

Roberto Tucci chefiava a rádio Vaticana quando ela foi acusada de espalhar ondas eletromagnéticas cancerígenas

Corte romana condena cardeal por poluição

DA REDAÇÃO

Uma corte de Roma condenou ontem o cardeal Roberto Tucci, 84, que foi chefe do comitê de gerenciamento da rádio Vaticana, e o padre Pasquale Borgomeo, diretor-geral da estação, a dez dias de prisão pela poluição do ambiente com ondas eletromagnéticas provenientes de uma torre de transmissão da rádio. As sentenças foram automaticamente suspensas.
Após um ano e meio de julgamento, a juíza Luisa Martone ainda ordenou que os dois pagassem os custos do processo e indenizações por danos pedidas em um processo civil ligado ao julgamento. Os valores ainda serão determinados. Borgomeo e Tucci, hoje aposentado, negaram as acusações. Os promotores haviam inicialmente pedido pena de 15 dias.
Segundo o reverendo Federico Lombardi, diretor de programação da rádio, a defesa vai recorrer da decisão. "Estamos abalados", disse. "Continuamos a afirmar que nossa transmissão está alinhada com os acordos entre a Itália e o Vaticano." Um terceiro membro da rádio, chefe dos serviços técnicos, foi absolvido.
Promotores afirmam que os acusados violaram os padrões italianos de transmissões eletromagnéticas, acusando os equipamentos de transmissão da rádio em Cesano, subúrbio de Roma, de causar danos à saúde da população que vive por perto.
O caso surgiu de um relatório médico, divulgado em 2001 por uma agência pública de saúde, que mostrou números estranhamente altos de pessoas que vivem perto das antenas de transmissão da rádio Vaticana e que contraíram leucemia ou morreram em decorrência da doença.
Um julgamento inicial foi suspenso em 2002 depois que um juiz determinou que as leis italianas não poderiam ser aplicadas à rádio porque seu centro de transmissão era visto como parte da Cidade do Vaticano, que é um Estado independente. A decisão foi revogada pela Corte Suprema italiana e o processo foi retomado.
A rádio Vaticana rejeitou os resultados de um segundo relatório, independente, que afirma que a alta capacidade das antenas pode ter causado o aumento de câncer.
Os moradores de Cesano aplaudiram os promotores. Cristina Tabano, advogada do Codacons, grupo que participa do processo civil ligado ao julgamento, afirmou estar satisfeita com o fato de a corte ter julgado existir responsabilidade criminal. Segundo Tabano, moradores de Cesano reclamaram que podiam ouvir as transmissões da rádio Vaticana por meio de suas lâmpadas por causa de distúrbios eletromagnéticos. O grupo já pediu indenização de 200,6 milhões.


Com agências internacionais

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