São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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TIRO PELA CULATRA
Sasser diz não poder deixar a embaixada em Pequim, alvo de protestos contra morte de chineses na Iugoslávia
Embaixador dos EUA afirma ser refém

das agências internacionais

O embaixador dos Estados Unidos em Pequim, James Sasser, disse ontem que seu pessoal diplomático permanecia há dois dias como refém na missão diplomática, cercada desde a manhã de sábado por milhares de manifestantes.
"Somos reféns nesta embaixada", disse Sasser, por telefone, à TV norte-americana CBS. Segundo o embaixador, os manifestantes "quebraram todos os vidros e nós, sensatamente, não podemos sair do edifício".
O embaixador sugeriu que as autoridades chinesas poderiam estar sendo coniventes com os protestos e manifestou o temor de que os protestos pudessem fugir do controle da polícia.
"Existem evidências de que (os manifestantes) foram estimulados pelo governo", afirmou Sasser.
Desde sábado, milhares de pessoas se manifestaram diante de missões diplomáticas norte-americanas na China, em protesto contra o ataque da Otan à embaixada chinesa em Belgrado (capital iugoslava), na sexta-feira.
Quatro pessoas morreram e cerca de 20 ficaram feridas no bombardeio da embaixada chinesa.
Segundo a agência "France Presse", cerca de 20 mil manifestantes passaram ontem diante da embaixada dos EUA em Pequim.
No sábado, o prédio foi atacado com pedras, garrafas, ovos e tomates. Ontem, os manifestantes tentaram tirar a bandeira dos EUA de seu mastro, mas foram impedidos.
Durante o fim-de-semana, também ocorreram manifestações contra os EUA e outros países da Otan, como o Reino Unido, em outras cidades importantes da China.
Em Chengdu (sudoeste da China), o consulado norte-americano foi parcialmente incendiado.
As manifestações, com grande participação de estudantes, são as maiores já ocorridas em Pequim desde os protestos pró-democracia na praça Tiananmen em 1989, reprimidos pelo governo.
Em discurso transmitido pela TV chinesa, o vice-presidente Hu Jintao disse que o governo apoiava "as atividades de protesto legais", mas advertiu os manifestantes contra "atos extremos".
"Precisamos ficar vigilantes contra pessoas que se aproveitem dessa oportunidade para romper a ordem social", disse Hu.


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