São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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COMENTÁRIO

Condenação traz debate sobre mídia

do enviado especial a Washington

As teorias de que os meios de comunicação incitam à violência e precisam ser coibidos ganharam alento com a condenação na Justiça, sexta-feira passada, do "Jenny Jones Show".
Os produtores do programa, um dos mais populares (8 milhões de espectadores diários) no gênero de entrevistas "mundo cão", foram condenados a pagar US$ 25 milhões à família de um convidado do show morto a tiros por outro.
Um dos quadros favoritos do público de Jenny Jones é o dos "admiradores secretos". Um entrevistado fica sabendo, no ar, que é alvo da paixão de um outro, desconhecido. Em geral, homem e mulher, que se conhecem no show.
Em março de 1995, foi introduzida uma novidade: Jonathan Schmitz, 32, recebia, encantado, palavras de amor de alguém que, em seguida, se revelou um homem, Scott Amedure, 28.
No palco, Schmitz e Amedure se abraçaram e conversaram, apesar do embaraço do primeiro. Três dias depois, Schmitz matou Amedure.
A defesa de Schmitz -que foi condenado pelo crime, mas espera o julgamento de um recurso- alega que ele agiu motivado pela humilhação que lhe foi imposta pelo programa.
A família de Amedure processou os produtores por danos morais e pela morte do rapaz.
A Warner Brothers, do grupo Time-Warner, responsável pelo show, diz que a decisão do júri de Michigan, Meio-Oeste do país, é um atentado à liberdade de expressão. Ela vai recorrer.
Floyd Abrams, importante constitucionalista na área da liberdade de expressão, diz estar convencido de que a Suprema Corte derrubará a decisão.
Mas muitos líderes conservadores e liberais, entre eles os de entidades de homossexuais, aplaudem o veredicto e dizem que ele poderá ajudar a melhorar o nível de responsabilidade ética da televisão norte-americana. (CELS)




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