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Grupo levou 40 dias para voltar para o Brasil
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK
O episódio descrito acima ficou conhecido como o dos "Seis
do Buraco". Fernando Vargas e
outros cinco militares brasileiros foram alvejados pelos israelenses, que os confundiram
com guerrilheiros palestinos.
Após vários minutos sob tiros vindos de todos os lados, os
brasileiros, escondidos em um
buraco, conseguiram se explicar para os israelenses. Ainda
assim, o Exército de Israel os
fez prisioneiros, saqueando
parte dos equipamentos.
Em outro incidente, o militar
brasileiro Paulo Marchiori foi
pego como refém pelos egípcios quando dirigia um veículo
da ONU. Horas depois, os israelenses capturaram os soldados
do Egito. Marchiori, equivocadamente, foi considerado egípcio por Israel. Sem falar inglês
ou hebraico, o soldado foi salvo
por um brasileiro que havia
imigrado para Israel e servia no
Exército judeu. Libertado, foi
levado para o acampamento
brasileiro em Rafah.
Já o cabo Carlos Adalberto
Ilha de Macedo, que trabalhava
como enfermeiro no Exército,
teve menos sorte. Quando os israelenses entraram metralhando o campo do Brasil em Rafah,
ele foi alvejado por um tiro no
pescoço e morreu. Foi a única
baixa brasileira. Os indianos
perderam 32 homens em conseqüência do conflito no qual
Israel, em apenas seis dias, derrotaria três Exércitos árabes
-o egípcio, o sírio e o jordaniano- e praticamente triplicaria
o tamanho de seu território.
Sem retirada
De acordo com Vargas, Israel
não tinha conhecimento de que
forças da ONU ainda estavam
em Gaza, uma vez que elas haviam recebido ordem para se
retirar. Como conseqüência, os
israelenses confundiam os brasileiros com palestinos.
Apenas no dia 12 de junho,
após o fim da guerra, os brasileiros conseguiram sair de Gaza
e seguir para Israel.
Gaza, em relatos dos militares brasileiros postados no site
www.batalhaodesuez.com.br, era uma cidade limpa,
com largas avenidas. Já nos
campos de refugiados a situação era precária. Os palestinos
se dividiam entre dois tipos para os brasileiros: os amigos,
chamados por eles de "habibs",
e os guerrilheiros, "fedahim".
Os brasileiros da Unef não
podiam ir a Israel entre 1956 e
1967, a não ser em visitas ilegais a kibutz. Quando viajaram
para Ashdod, depois da guerra,
ficaram surpresos. "A diferença era gritante. Em Israel, tudo
era verdejante, com as pessoas
trabalhando", disse Vargas em
entrevista à Folha, por telefone, do Rio de Janeiro.
Ao chegarem à cidade portuária israelense, os brasileiros
puderam enfim embarcar para
o Brasil no Soares Dutra -um
navio que levava carregamento
de café para a Itália. Ainda assim, após escalas na Itália, no
Chipre, na França e na Espanha, os membros da Unef desembarcaram no Recife apenas
no final de julho, mais de 40
dias após a retirada de Gaza.
De lembrança, os brasileiros
possuem, além das fotos, o Nobel da Paz recebido coletivamente em 1988 por todos os
membros de forças de paz da
ONU até aquele ano. E, curiosamente, a homenagem no nome de um campo de refugiados
em Rafah, o campo Brasil, localizado onde antes estava o contingente brasileiro.
(GC)
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