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ORIENTE MÉDIO
Para tribunal internacional, barreira erguida na Cisjordânia prejudica os palestinos e deve ser desmontada
Muro israelense é ilegal, diz corte da ONU
DA REDAÇÃO
A Corte Internacional de Justiça
(CIJ) declarou ontem que a barreira que Israel está construindo
entre seu território e a Cisjordânia
viola as leis internacionais e exortou a ONU a tomar medidas para
interromper a construção.
A corte, com sede em Haia (Holanda), desconsiderou os argumentos de Israel, segundo os
quais a barreira é essencial para
sua segurança, e disse que os argumentos de necessidade militar
não justificam as restrições à livre
movimentação dos palestinos.
A decisão não tem caráter obrigatório, mas constitui um revés
para Israel no cenário político internacional -o governo do premiê Ariel Sharon não cumprirá a
determinação (leia texto ao lado).
Os palestinos usarão a decisão como instrumento de pressão contra o governo israelense na ONU.
"Israel tem a obrigação de pôr
fim a suas infrações das leis internacionais, tem a obrigação de interromper de agora em diante as
obras de construção do muro que
está sendo erguido em território
palestino ocupado, inclusive em e
em volta de Jerusalém Oriental, e
de desmantelar prontamente a estrutura ali situada", diz a decisão
da corte, lida por seu presidente, o
chinês Shi Jiuyong.
O tribunal também ordenou
que Israel pague reparações aos
palestinos prejudicados pela barreira e que devolva as terras
apreendidas para sua construção.
""A corte acredita que as Nações
Unidas devem analisar as ações
adicionais necessárias para pôr
fim à situação ilegal resultante da
construção do muro", disse o tribunal. A corte condenou o muro
por 14 a 1, sendo o único juiz discordante o dos EUA. Integrante
do tribunal, o ex-ministro da Justiça brasileiro Francisco Rezek
também votou contra a barreira.
Celebração palestina
Descrevendo como ""histórica"
a decisão da Corte Internacional
de Justiça, o primeiro-ministro
palestino, Ahmed Korei, disse que
Israel deve agora interromper a
construção. "A alta corte internacional decidiu claramente hoje
que o muro racista é ilegal até a
raiz e que Israel deve parar de
construí-lo e deve derrubar o que
já construiu", disse Korei.
O líder palestino Iasser Arafat
disse que é uma ""vitória da justiça" e que agora os palestinos se
voltarão à ONU. Armados com a
decisão da CIJ, eles esperam que a
Assembléia Geral (sem poder executivo) exija que Israel desmonte
a barreira. Os EUA, com poder de
veto no Conselho de Segurança da
ONU, foi contra o julgamento.
""Esperamos que os EUA trabalhem para fazer com que Israel
cumpra a decisão", disse o ministro palestino Saeb Erekat, que reconheceu que o veredicto é ""puramente consultivo".
Em Washington, o porta-voz da
Casa Branca, Scott McClellan, criticou a decisão, dizendo que os
EUA acham que a disputa deve
ser resolvida de outra forma.
"Não é essa a forma apropriada de
resolver uma questão política."
A União Européia elogiou a decisão e renovou a pressão para
que Israel retire a barreira. "O
muro não só resulta no confisco
de terra palestina e causa incontáveis danos econômicos e humanitários, como também fere as negociações [de paz] futuras", disse
Javier Solana, comissário de Política Externa da UE.
Atendendo a pedido dos palestinos, a Assembléia Geral pediu à
corte, em dezembro, que manifestasse sua opinião sobre a legalidade ou não da barreira, um complexo de 685 quilômetros de extensão de altos muros de concreto, trincheiras, cercas de arame e
torres de vigilância. Cerca de um
quarto da barreira já foi concluída, parte dela em território israelense, parte dentro da Cisjordânia, ocupada por Israel após a
guerra de 1967.
A corte disse que o traçado do
muro abrangeria 80% dos colonos israelenses que vivem na Cisjordânia e prejudicaria mais de
230 mil palestinos que vivem nas
áreas vizinhas. Apesar dos protestos de Israel, segundo os quais a
barreira é temporária e não foi
pensada como fronteira política, a
corte disse que ela pode equivaler
a uma ""anexação de fato", ao criar
uma realidade nova. Disse ainda
que a construção da barreira ""dificulta seriamente o exercício pela
população palestina de seu direito
à autodeterminação e, portanto,
constitui infração da obrigação de
Israel de respeitar esse direito".
Com agências internacionais
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