|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MISSÃO NO CARIBE
São só 1.195 homens, em instalações provisórias, para patrulhar uma cidade de 700 mil habitantes
Brasileiros enfrentam dificuldades para patrulhar Haiti
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO HAITI
Mais de um mês após começarem a chegar ao Haiti como parte
de força de paz da ONU, militares
brasileiros estão tendo que precariamente arcar com a maior parte
da segurança de uma capital com
mais de 700 mil habitantes. Também devem proteger os chefes de
Estado e governo, com só 1.195
homens e o apoio de uma polícia
local fraca e desmoralizada.
Os brasileiros continuam em
instalações provisórias, muitos
em tendas, enquanto a ONU não
define um local definitivo para os
aquartelamentos. Um navio da
Marinha, o NDCC (navio de desembarque de carros de combate)
Mattoso Maia permanece em
Porto Príncipe, principalmente
para suprir água para os soldados.
Os soldados e fuzileiros navais
brasileiros estão dispersos em vários pontos da capital. Há também um pelotão de 39 homens
em Hinche, 130 km ao norte de
Porto Príncipe, em contato direto
com ex-militares rebeldes.
A força militar da Minustah
(Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti) conta hoje
com menos de 2.000 homens, dos
6.700 autorizados pela ONU. A
força substitui tropa liderada pelos EUA que restabeleceu a ordem
no país depois da queda do presidente Jean-Bertrand Aristide em
fevereiro passado. Segundo seu
comandante, o general-de-divisão brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, até agosto deverão
estar disponíveis mais três batalhões, de 600 homens cada um, de
Chile, Uruguai e Argentina.
"Tivemos que intensificar as patrulhas para não haver vazio de
poder", diz Heleno. "Não acredito
que tenhamos os 6.700 a curto
prazo. Em um mês, conseguimos
fazer da tropa brasileira parte da
paisagem haitiana", diz Heleno.
Já foram realizadas mais de 550
patrulhas, diurnas e noturnas, a
pé e em veículos, blindados Urutu
de transporte de tropas e jipes
Land Rover e Toyota, segundo o
general-de-brigada Américo Salvador, que comanda o contingente brasileiro, conhecido como Brigada Haiti. "O relevo, e a desorganização da cidade dificultam as
patrulhas", diz o general. As tropas ainda estão se ambientando
ao labirinto de ruas e trânsito caótico. Um comboio com jornalistas
brasileiros se perdeu.
Nenhuma arma foi apreendida
ainda e nenhuma prisão foi efetuada. Os militares brasileiros não
têm poder de polícia. Quem deve
efetuar de fato o desarme é a polícia local. Em cada patrulha vai
junto um intérprete e um policial.
Os jornalistas Ricardo Bonalume Neto e
Lalo de Almeida viajaram ao Haiti por
cortesia do Ministério da Defesa.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Estádio tem condições precárias Índice
|