São Paulo, sábado, 10 de julho de 2004

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MISSÃO NO CARIBE

São só 1.195 homens, em instalações provisórias, para patrulhar uma cidade de 700 mil habitantes

Brasileiros enfrentam dificuldades para patrulhar Haiti

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO HAITI

Mais de um mês após começarem a chegar ao Haiti como parte de força de paz da ONU, militares brasileiros estão tendo que precariamente arcar com a maior parte da segurança de uma capital com mais de 700 mil habitantes. Também devem proteger os chefes de Estado e governo, com só 1.195 homens e o apoio de uma polícia local fraca e desmoralizada.
Os brasileiros continuam em instalações provisórias, muitos em tendas, enquanto a ONU não define um local definitivo para os aquartelamentos. Um navio da Marinha, o NDCC (navio de desembarque de carros de combate) Mattoso Maia permanece em Porto Príncipe, principalmente para suprir água para os soldados.
Os soldados e fuzileiros navais brasileiros estão dispersos em vários pontos da capital. Há também um pelotão de 39 homens em Hinche, 130 km ao norte de Porto Príncipe, em contato direto com ex-militares rebeldes.
A força militar da Minustah (Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti) conta hoje com menos de 2.000 homens, dos 6.700 autorizados pela ONU. A força substitui tropa liderada pelos EUA que restabeleceu a ordem no país depois da queda do presidente Jean-Bertrand Aristide em fevereiro passado. Segundo seu comandante, o general-de-divisão brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, até agosto deverão estar disponíveis mais três batalhões, de 600 homens cada um, de Chile, Uruguai e Argentina.
"Tivemos que intensificar as patrulhas para não haver vazio de poder", diz Heleno. "Não acredito que tenhamos os 6.700 a curto prazo. Em um mês, conseguimos fazer da tropa brasileira parte da paisagem haitiana", diz Heleno.
Já foram realizadas mais de 550 patrulhas, diurnas e noturnas, a pé e em veículos, blindados Urutu de transporte de tropas e jipes Land Rover e Toyota, segundo o general-de-brigada Américo Salvador, que comanda o contingente brasileiro, conhecido como Brigada Haiti. "O relevo, e a desorganização da cidade dificultam as patrulhas", diz o general. As tropas ainda estão se ambientando ao labirinto de ruas e trânsito caótico. Um comboio com jornalistas brasileiros se perdeu.
Nenhuma arma foi apreendida ainda e nenhuma prisão foi efetuada. Os militares brasileiros não têm poder de polícia. Quem deve efetuar de fato o desarme é a polícia local. Em cada patrulha vai junto um intérprete e um policial.


Os jornalistas Ricardo Bonalume Neto e Lalo de Almeida viajaram ao Haiti por cortesia do Ministério da Defesa.


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