São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007

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Exército invade mesquita no Paquistão

Três soldados e ao menos 20 rebeldes, entrincheirados no local há uma semana, morreram no ataque, que começou na madrugada

Segundo governo, falhou a tentativa de negociar com os radicais muçulmanos; na TV, líder pediu a seguidores que "vinguem sua morte"

DA REDAÇÃO

Já era madrugada de terça-feira no Paquistão quando o Exército do país iniciou um intenso ataque contra a Mesquita Vermelha, na capital Islamabad, depois de dar por fracassada as negociações com os radicais muçulmanos entrincheirados no local há uma semana. Ao menos três soldados e 20 rebeldes morreram na ação.
A ofensiva do começou às 4h (20h em Brasília), em três pontos do complexo -que inclui a mesquita e escolas religiosas. Segundo o porta-voz do Exército paquistanês, general Waheed Arshad, 25 crianças foram retiradas do local ilesas.
Arshad afirmou, em entrevista à imprensa, que os rebeldes ofereciam forte resistência e que estavam munidos de armas, granadas e bombas de gasolina. Segundo ele, 40% do local já havia sido tomado pelas tropas: "Aqueles que se renderem serão presos, mas os demais serão tratados como combatentes e mortos".
Segundo o porta-voz, além dos 23 mortos na ação, ao menos 15 radicais e oito soldados ficaram feridos. De acordo com a TV paquistanesa Geo, ao menos 70 pessoas morreram no interior da mesquita, entre militantes armados e estudantes.
Contabilizado o ataque da madrugada, desde a terça-feira passada os confrontos entre rebeldes e militares já mataram ao menos 47 pessoas.
Os radicais islâmicos mantinham 150 reféns no local, entre eles mulheres e crianças, segundo o governo paquistanês. Os rebeldes declaram que há cerca de 1.800 na mesquita.
Enquanto imagens mostravam fumaça negra saindo do complexo, o clérigo que lidera a resistência na mesquita, Rasheed Ghazi, pediu, em entrevista a uma TV, que seus seguidores "vinguem sua morte". Afirmou que sua mãe havia sido ferida no ataque.
"Esta é minha última mensagem: que meus seguidores vinguem minha morte e empreendam uma guerra para libertar-se do agente norte-americano que tomou todo o Paquistão como refém", disse Ghazi, em referência ao ditador do país, Pervez Musharraf.
A reivindicação de Gahzi e de seus seguidores é que o governo adote um regime menos tolerante no país, semelhante ao que o grupo Taleban impunha no Afeganistão até a invasão do país pelos EUA.

Negociação fracassada
Após ter insinuado um ultimato para os rebeldes entrincheirados na Mesquita Vermelha anteontem, o governo do Paquistão havia voltado atrás ontem e decidido manter negociações com o grupo.
Pervez Musharraf fez uma reunião com membros de seu gabinete e das Forças Armadas e decidiu que um grupo de clérigos muçulmanos ficaria encarregado da negociação, liderados pelo ex-premiê Chaudhry Shujaat Hussain.
As conversações, por celular e alto-falantes, entre radicais e negociadores chefiados por Hussain duraram mais de nove horas, mas não tiveram resultado, segundo o governo.


Com agências internacionais

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