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Londres é cidade mais vigiada, dizem estudiosos
NATALIA VIANA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM
LONDRES
Londres é a cidade mais vigiada do mundo, com cerca de
1,2 milhão de câmeras CCTV
(das iniciais em inglês para televisão de circuito fechado) nas
ruas. A coisa se repete em todo
o Reino Unido, país que possui
uma câmera para cada 14 habitantes. Mas, para especialistas,
o aumento da segurança, fruto
da "guerra ao terrorismo", tem
gerado violações aos direitos
fundamentais.
Em relatório lançado no final
do ano passado, a ONG Privacy
International apontou que o
Reino Unido é o pior país europeu em termos de proteção da
privacidade individual, sofrendo de "vigilância endêmica".
"O Reino Unido certamente
está tomando um caminho perigoso no que tange às liberdades civis", acha o professor Gus
Losein, especialista em direitos
civis da London School of Economics.
Ele aponta outras medidas
que violam a privacidade: a implementação (ainda em progresso) da primeira carteira de
identidade nacional desde o
pós-Segunda Guerra; um banco
de dados de digitais e DNA de
todos os cidadãos britânicos; e
a criação de bancos de dados
com todos os registros médicos
da população.
O professor David Murakami
Wood, co-author de um estudo
sobre vigilância no Reino Unido, diz que quem acha que a
Grã-Bretanha está se tornando
uma "sociedade vigiada" está
atrasado: na prática, já é o lugar
da vigilância total. Ele dá como
exemplo a nova carteira de
identidade: "Vai ser a mais sofisticada do mundo porque vai
estar conectada com mais de
150 tipos de informações sobre
as pessoas -desde endereço e
registro de trabalho até DNA e
escaneamento da íris. A idéia é
instantaneamente conectar
uma cena vista em uma câmera
CCTV com informações de dados das pessoas, para servir de
guia para a polícia."
Ineficácia
Para ele, tais políticas são
menos eficazes do que um monitoramento mais direcionado
dos suspeitos de terrorismo.
"No Reino Unido parece que
confundimos a idéia de manter
uma vigilância específica de alguns indivíduos com a idéia de
vigilância massiva. E não é só o
governo que vigia, cada dia nos
pedem que vigiemos mais os
nossos vizinhos."
Ben O'Loughlin, professor da
Royal Halloway (Universidade
de Londres), diz que o resultado é que as minorias se sentem
mais espionadas nos lugares
públicos. "Os indianos, árabes e
e asiáticos em geral se sentem
mais olhados na rua e ficam
com medo de se expressar publicamente. Isso faz com que
sejam excluídos da cultura democrática."
Para Shami Chakrabarti, diretor da ONG Liberty, tais medidas de segurança ameaçam as
relações sociais na Grã-Bretanha. "Os últimos anos demonstraram o quanto é tentador para líderes democráticos anunciar políticas perigosas e contraproducentes de segurança
nacional."
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