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Irã testa mísseis capazes de atingir Israel
Lançamento do Shahab-3, com alcance de 2.000 km, aumenta tensão regional
Demonstração de força se segue a ameaça retórica; diplomacia ainda pode resolver impasse nuclear, dizem os EUA e Israel
DA REDAÇÃO
Um dia depois de prometer
resposta arrasadora contra Israel e interesses americanos
em todo o mundo caso sofra um
ataque destinado a destruir o
seu programa nuclear, o Irã testou ontem seu arsenal de mísseis balísticos.
O exercício militar, realizado
perto do estratégico estreito de
Hormuz, por onde passa 40%
da produção mundial de petróleo, marcou a escalada das tensões entre o país e Israel quanto
ao programa de enriquecimento de urânio de Teerã. Também
causou alta de US$ 2 no preço
do barril de petróleo.
No teste, a Guarda Revolucionária, unidade militar de elite, lançou nove foguetes, entre
eles uma versão atualizada do
Shahab-3 ("cometa", em persa). O míssil, que já foi testado
em 2006, tem alcance de 2.000
km e pode atingir Israel e alvos
dos EUA no Iraque e Afeganistão.
O Irã realiza ocasionalmente
exercícios desse tipo, mas declarações do chefe da Guarda
Revolucionária, general Hossein Salami, deixaram claro que
o teste de ontem responde às
recentes ameaças de Israel.
"Alertamos nossos inimigos
que pretendem nos ameaçar
com operações psicológicas vazias que nossos mísseis sempre
estão prontos para serem lançados", disse Salami.
No início de junho, a Força
Aérea israelense realizou manobras envolvendo cem aviões
no Mediterrâneo, num exercício apresentado como um ensaio para um ataque ao Irã. Ministros e militares israelenses
vêm sugerindo que podem que
podem atacar o Irã até o fim
deste ano se Teerã não suspender seu programa nuclear.
A inteligência de Israel, país
que tem a vantagem estratégica
de ser o único com armas nucleares no Oriente Médio, calcula que o Irã está a dois anos
de ter a bomba atômica.
A previsão difere da última
Estimativa Nacional de Inteligência americana, segundo a
qual o Irã teria abandonado em
2003 seu programa nuclear secreto. Teerã diz que suas centrais nucleares só produzem
energia elétrica.
Embora tenham apresentado o testes de mísseis como
prova de que o Irã é uma ameaça, Israel e EUA afirmaram que
a crise ainda pode ser resolvida
diplomaticamente.
"Israel não quer conflito com
o Irã", disse um porta-voz do
governo. O secretário da Defesa
americano, Robert Gates, negou que a confrontação esteja
mais perto e disse que está avaliando se há novidade em relação a exercícios anteriores.
A crise foi debatida pelos dois
principais candidatos à eleição
presidencial americana de novembro. O democrata Barack
Obama pediu sanções mais severas contra Teerã, mas criticou a atual política de confrontação. O republicano John
McCain afirmou que o exercício de Teerã prova a necessidade do escudo antimísseis que
Washington pretende instalar
no Leste Europeu, objeto de
acordo formalizado anteontem
na República Tcheca, sob protestos da Rússia.
Com agências internacionais
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