São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Irã testa mísseis capazes de atingir Israel

Lançamento do Shahab-3, com alcance de 2.000 km, aumenta tensão regional

Demonstração de força se segue a ameaça retórica; diplomacia ainda pode resolver impasse nuclear, dizem os EUA e Israel


DA REDAÇÃO

Um dia depois de prometer resposta arrasadora contra Israel e interesses americanos em todo o mundo caso sofra um ataque destinado a destruir o seu programa nuclear, o Irã testou ontem seu arsenal de mísseis balísticos.
O exercício militar, realizado perto do estratégico estreito de Hormuz, por onde passa 40% da produção mundial de petróleo, marcou a escalada das tensões entre o país e Israel quanto ao programa de enriquecimento de urânio de Teerã. Também causou alta de US$ 2 no preço do barril de petróleo.
No teste, a Guarda Revolucionária, unidade militar de elite, lançou nove foguetes, entre eles uma versão atualizada do Shahab-3 ("cometa", em persa). O míssil, que já foi testado em 2006, tem alcance de 2.000 km e pode atingir Israel e alvos dos EUA no Iraque e Afeganistão.
O Irã realiza ocasionalmente exercícios desse tipo, mas declarações do chefe da Guarda Revolucionária, general Hossein Salami, deixaram claro que o teste de ontem responde às recentes ameaças de Israel.
"Alertamos nossos inimigos que pretendem nos ameaçar com operações psicológicas vazias que nossos mísseis sempre estão prontos para serem lançados", disse Salami.
No início de junho, a Força Aérea israelense realizou manobras envolvendo cem aviões no Mediterrâneo, num exercício apresentado como um ensaio para um ataque ao Irã. Ministros e militares israelenses vêm sugerindo que podem que podem atacar o Irã até o fim deste ano se Teerã não suspender seu programa nuclear.
A inteligência de Israel, país que tem a vantagem estratégica de ser o único com armas nucleares no Oriente Médio, calcula que o Irã está a dois anos de ter a bomba atômica.
A previsão difere da última Estimativa Nacional de Inteligência americana, segundo a qual o Irã teria abandonado em 2003 seu programa nuclear secreto. Teerã diz que suas centrais nucleares só produzem energia elétrica.
Embora tenham apresentado o testes de mísseis como prova de que o Irã é uma ameaça, Israel e EUA afirmaram que a crise ainda pode ser resolvida diplomaticamente.
"Israel não quer conflito com o Irã", disse um porta-voz do governo. O secretário da Defesa americano, Robert Gates, negou que a confrontação esteja mais perto e disse que está avaliando se há novidade em relação a exercícios anteriores.
A crise foi debatida pelos dois principais candidatos à eleição presidencial americana de novembro. O democrata Barack Obama pediu sanções mais severas contra Teerã, mas criticou a atual política de confrontação. O republicano John McCain afirmou que o exercício de Teerã prova a necessidade do escudo antimísseis que Washington pretende instalar no Leste Europeu, objeto de acordo formalizado anteontem na República Tcheca, sob protestos da Rússia.


Com agências internacionais


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