São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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Murdoch nega mudar direção de grupo após escândalo das escutas

Presidente de conglomerado diz que não quer 'sacrificar inocentes'; 'News of the World' terá última edição hoje

Magnata afirma que vai manter no cargo jornalista acusada de promover grampos ilegais e pagar policiais


Sang Tan/Associated Press
O editor Colin Myler exibe última capa do 'News of the
World', que diz 'obrigado e adeus'


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do conglomerado News Corporation, Rupert Murdoch, disse ontem que nada mudará na direção do seu grupo após o escândalo que levou ao fechamento do "News of the World" e que Rebekah Brooks, editora do jornal entre 2000 e 2003, continua com seu apoio "total".
Com 168 anos de existência, o tabloide de maior circulação no Reino Unido publicará sua última edição hoje -a News Corp. decidiu fechá-lo depois da repercussão negativa das escutas ilegais promovidas pelo jornal, que atingiram celebridades, políticos e até vítimas de crimes.
Murdoch, que esteve ontem em Idaho (EUA) para participar de uma conferência sobre mídia, afirmou ainda que não está disposto a "sacrificar pessoas inocentes" e que sua companhia emprega "milhares e milhares de jornalistas do mais alto padrão".
Brooks, hoje diretora do conglomerado -que inclui veículos como "Wall Street Journal" e Fox News- é acusada de promover escutas e pagar a policiais quando chefiava o "NoftW"; ela nega.
Também acusado, seu sucessor, Andy Coulson, chegou a ser detido pela polícia, mas foi solto mediante fiança. Até janeiro, era secretário do premiê David Cameron.

REVIRAVOLTA
Para analistas, o dia de hoje representa uma reviravolta no jornalismo do Reino Unido porque a ideia de que vale tudo por informações exclusivas caiu em desgraça.
O mercado dos tabloides sensacionalistas é hipercompetitivo no país. O "NoftW" vendia 2,7 milhões de exemplares a cada domingo, para uma população de cerca de 60 milhões -seria o mesmo que um jornal brasileiro vender 8 milhões num só dia.
Há um consenso de que maus jornalistas ultrapassam a linha que separa uma investigação criteriosa do crime. Especialistas temem, no entanto, que políticos se aproveitem do escândalo para criar restrições à imprensa.
Lembram que foi graças à imprensa livre, com as reportagens de jornais como o "Guardian", que o próprio caso das escutas veio à tona.

Colaborou VAGUINALDO MARINHEIRO, de Londres



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