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CONFLITO EM TEERÃ
Pelo menos uma pessoa morreu em confronto durante protesto contra proibição de jornal reformista
Conservadores atacam estudantes no Irã
das agências internacionais
Militantes conservadores atacaram na noite de quinta estudantes
da Universidade de Teerã que
protestavam contra o fechamento
de um jornal favorável ao presidente do Irã, o moderado Mohamad Khatami. Uma pessoa morreu, segundo os estudantes.
Os manifestantes foram agredidos com cassetetes. Bombas de
gás lacrimogêneo foram lançadas
dentro dos edifícios para impedi-los de se abrigar nas moradias estudantis. Dezenas foram feridos.
O episódio é mais um capítulo
da disputa entre simpatizantes do
clero conservador, encabeçado
pelo líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, e aliados do
presidente reformista.
Pelo menos 500 estudantes protestavam contra decisão judicial
que proibiu a circulação do diário
"Salam". O jornal havia publicado
carta escrita por um agente secreto do país defendendo a restrição
à liberdade de imprensa no Irã.
O Ministério da Informação
afirmou que a carta era um documento secreto e não poderia ter
sido publicada. Os termos da proposta desse agente eram similares
aos pontos da nova lei de imprensa, cujo preâmbulo foi aprovado
pelo Parlamento na quinta-feira.
Temendo "tensões", o Ministério da Informação suspendeu a
proibição de circulação do "Salam". Mas até ontem a liberação
oficial não havia chegado ao jornal, que não sairá hoje.
A nova onda de violência poderia levar a uma "crise nacional",
afirmou o ministro iraniano da
Educação, segundo a agência oficial de notícias "Irna".
A polícia tomou parte ao lado
dos conservadores no conflito. Os
confrontos recomeçaram na tarde de ontem. Os estudantes atearam fogo em pneus em estrada na
periferia de Teerã e enfrentaram a
polícia com pedras.
O campus da Universidade de
Teerã em Amirabad, local do incidente da noite de quinta, amanheceu destruído ontem. Dormitórios foram incendiados, vidros
quebrados e portas derrubadas.
As universidades -cujos estudantes são em sua maioria favoráveis à política de abertura do presidente Khatami- tornaram-se
os principais locais de conflitos.
Nos últimos meses, Teerã tem
tido frequentes choques nas ruas
entre representantes dos dois grupos. A tensão costuma aumentar
às sextas, dia sagrado para os muçulmanos, quando milhares se
reúnem para rezar nas mesquitas.
Mohamad Khatami foi eleito
presidente pelo voto direto, em
1997, com 70% de apoio. Ele defende a modernização interna e
uma reaproximação com o Ocidente.
Os conservadores, defensores
da República Islâmica nos moldes
criados pelo líder da Revolução
Islâmica de 79, aiatolá Khomeini,
tentam impedir as reformas.
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