São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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COMPORTAMENTO

Serviços na internet agenciam encontros e ensinam como driblar a fiscalização do parceiro e lidar com a culpa

Sites auxiliam quem tem vontade de trair

BERTA MARCHIORI
DA REDAÇÃO

A traição existe muito antes da internet, mas a tecnologia tem ajudado a dar um "empurrãozinho" nos mais preguiçosos ou não tão ousados.
Sem muito esforço, é possível encontrar na rede alguém para compartilhar uma aventura de apenas uma noite ou para preencher aquele vazio que apareceu depois de anos de casamento. Até mesmo achar um álibi convincente para justificar os sumiços. Tudo sem sair de casa.
Os casados, mas à procura, se tornaram um lucrativo nicho para dezenas de sites de relacionamentos amorosos.
Entre 50% e 60% dos homens e entre 40% e 50% das mulheres se aventuram em relações extraconjugais, segundo o site "The Ashley Madison", um dos mais famosos da América do Norte.
Com nome de firma de contabilidade, a agência on-line -cujo slogan é "Quando a monogamia se torna monotonia"- já tem mais de 200 mil membros.

"Seguro e anônimo"
"Nosso serviço não é para glorificar a infidelidade. Nós só oferecemos um jeito seguro e anônimo para as pessoas se comunicarem, quando já estão decididas a explorar outras opções fora de sua relação", diz Darren Morgenstern, diretor de operações do site que faz agenciamentos.
Na realidade, essas páginas na internet oferecem não apenas a possibilidade de encontrar um novo "affair", mas todos os aparatos para que a aventura -ou a relação- extra-conjugal seja consumada.
Também dão dicas como a de que "pasta de dente é ótima para retirar marcas de batom" ou "é um bom hábito usar apelidos genéricos como "querida" para evitar confusões em casa".
As recomendações não param por aí: "Se você está preocupado com os sinais que sua amante possa ter deixado nas suas roupas, passe num posto de gasolina, suje sua camisa com óleo e depois fale que escorregou enquanto enchia o tanque -melhor estragar uma camisa do que o casamento" são trocadas pelos usuários.
Até maneiras de lidar com a culpa após a traição são discutidas nessa espécie de rede de solidariedade à infidelidade.

O preço da traição
Muitas agências, além de oferecer diversos planos de pagamento, oferecem ainda um álibi para seus sumiços. É o caso da alemã Perfect Alibi (álibi perfeito), que telefona para sua casa dizendo que você tem que trabalhar até tarde, manda flores para a sua mulher ou envia falsos convites para seminários no fim de semana. O preço da traição, nesse caso, varia de US$ 13 a US$ 104, mais uma taxa anual de US$ 35.
Mas, traidores em potencial, não se animem tanto. Se alguns sites trabalham para encobrir suas escapadas, outros, menos liberais, ensinam a como descobrir se está sendo traído e o que fazer. Vendem até equipamentos que, instalados no seu computador, monitoram -e gravam- e-mails, chats, web sites, tudo o que for utilizado no computador.
Engana-se, porém, quem pensa que os sites são uma ameaça à família. "Meu casamento melhorou muito depois que eu encontrei um modo de vida que me satisfaz", diz o canadense Doug Mitchell, que não dá seu verdadeiro nome porque, além de mulher, dois filhos e cachorros, Mitchell tem uma namorada há sete anos. Desculpa esfarrapada é o que não falta para justificar traição.


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