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COMPORTAMENTO
Serviços na internet agenciam encontros e ensinam como driblar a fiscalização do parceiro e lidar com a culpa
Sites auxiliam quem tem vontade de trair
BERTA MARCHIORI
DA REDAÇÃO
A traição existe muito antes da
internet, mas a tecnologia tem
ajudado a dar um "empurrãozinho" nos mais preguiçosos ou
não tão ousados.
Sem muito esforço, é possível
encontrar na rede alguém para
compartilhar uma aventura de
apenas uma noite ou para preencher aquele vazio que apareceu
depois de anos de casamento. Até
mesmo achar um álibi convincente para justificar os sumiços.
Tudo sem sair de casa.
Os casados, mas à procura, se
tornaram um lucrativo nicho para dezenas de sites de relacionamentos amorosos.
Entre 50% e 60% dos homens e
entre 40% e 50% das mulheres se
aventuram em relações extraconjugais, segundo o site "The Ashley
Madison", um dos mais famosos
da América do Norte.
Com nome de firma de contabilidade, a agência on-line -cujo
slogan é "Quando a monogamia
se torna monotonia"- já tem
mais de 200 mil membros.
"Seguro e anônimo"
"Nosso serviço não é para glorificar a infidelidade. Nós só oferecemos um jeito seguro e anônimo
para as pessoas se comunicarem,
quando já estão decididas a explorar outras opções fora de sua relação", diz Darren Morgenstern, diretor de operações do site que faz
agenciamentos.
Na realidade, essas páginas na
internet oferecem não apenas a
possibilidade de encontrar um
novo "affair", mas todos os aparatos para que a aventura -ou a relação- extra-conjugal seja consumada.
Também dão dicas como a de
que "pasta de dente é ótima para
retirar marcas de batom" ou "é
um bom hábito usar apelidos genéricos como "querida" para evitar confusões em casa".
As recomendações não param
por aí: "Se você está preocupado
com os sinais que sua amante
possa ter deixado nas suas roupas, passe num posto de gasolina,
suje sua camisa com óleo e depois
fale que escorregou enquanto enchia o tanque -melhor estragar
uma camisa do que o casamento"
são trocadas pelos usuários.
Até maneiras de lidar com a culpa após a traição são discutidas
nessa espécie de rede de solidariedade à infidelidade.
O preço da traição
Muitas agências, além de oferecer diversos planos de pagamento, oferecem ainda um álibi para
seus sumiços. É o caso da alemã
Perfect Alibi (álibi perfeito), que
telefona para sua casa dizendo
que você tem que trabalhar até
tarde, manda flores para a sua
mulher ou envia falsos convites
para seminários no fim de semana. O preço da traição, nesse caso,
varia de US$ 13 a US$ 104, mais
uma taxa anual de US$ 35.
Mas, traidores em potencial,
não se animem tanto. Se alguns sites trabalham para encobrir suas
escapadas, outros, menos liberais,
ensinam a como descobrir se está
sendo traído e o que fazer. Vendem até equipamentos que, instalados no seu computador, monitoram -e gravam- e-mails,
chats, web sites, tudo o que for
utilizado no computador.
Engana-se, porém, quem pensa
que os sites são uma ameaça à família. "Meu casamento melhorou
muito depois que eu encontrei
um modo de vida que me satisfaz", diz o canadense Doug Mitchell, que não dá seu verdadeiro
nome porque, além de mulher,
dois filhos e cachorros, Mitchell
tem uma namorada há sete anos.
Desculpa esfarrapada é o que não
falta para justificar traição.
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