São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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DE NOVO, A CRISE

Inflação alta ameaça crescimento chinês

Taxa acumulada chega a 6,5% em julho, maior índice em 3 anos; medidas para elevar a demanda são improváveis

Na crise de 2008, o país asiático contribuiu para alavancar a economia global, mas há agora dificuldades para isso

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Em meio à ameaça de nova recessão mundial, a inflação acumulada da China subiu para 6,5% no mês passado, o maior índice desde junho de 2008.
A subida dos preços, aliada a outros desequilíbrios da segunda maior economia mundial, afasta a possibilidade de novo megapacote de estímulos, como há três anos.
A China, principal parceira comercial do Brasil, vem tomando várias medidas para tentar esfriar a economia, que cresceu 10,3% do PIB em 2010 e deve se expandir em cerca de 9% neste ano.
Desde outubro, o banco central aumentou cinco vezes a taxa de juros, e o depósito compulsório dos bancos sofreu nove elevações.
Mesmo assim, a inflação não arrefeceu. Em julho, o maior vilão foi novamente o preço dos alimentos, com um aumento de 14,8% no índice acumulado de 12 meses.
O mau resultado no combate à inflação, considerado prioritário para o governo neste ano, torna bastante improvável um pacote de estímulo semelhante ao de 2008, quando o país alavancou a economia global.
"A China não fará outro plano de estímulo econômico, a não ser se as cabeças das pessoas estiverem lesadas", disse à Folha Xia Bin, conselheiro do BC chinês.
A inflação é um dos efeitos colaterais sentidos pela China após o pacote de US$ 586 bilhões (R$ 925 bi) lançado no fim de 2008, o maior da história do país e equivalente a 15% do PIB de 2007.
"A economia chinesa sofre muito em decorrência desse pacote", afirma Li Zhibin, economista-chefe do banco chinês Citic.
Ele menciona, entre outros problemas, o aumento do consumo dos recursos naturais e a aceleração improvisada de muitos projetos.
"Por isso tivemos o acidente com o trem-bala [no mês passado, com 40 mortos] e o surgimento de pontes que mais parecem tofu", afirma.
"Como diz o ditado, 'uma queda no poço, uma sabedoria a mais'. A China usará uma estratégia calma para lidar com a crise, desta vez."
Segundo Zhao Xi Jun, professor de economia da Universidade Renmin, as metas do governo incluem controlar a inflação, no curto prazo. Ele também não vê possibilidade de novo pacote.


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