São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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Após vandalismo, polícia ocupa Londres

Contra novos saques, 16 mil homens vão às ruas; moradores reagem à revolta com misto de indignação e medo

Novos confrontos são registrados em três cidades do centro do Reino Unido; prefeito e vice-premiê são vaiados

Matt Dunham/Associated Press
FAXINA Munidos de vassouras, londrinos aguardam liberação da polícia para limpar região destruída pelos saques perto de Clapham Juction

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Após três noites de saques e vandalismo e a morte de uma pessoa (um homem foi encontrado baleado num carro no sul de Londres), a polícia tentou retomar o controle da capital do Reino Unido.
Ao todo, 16 mil policiais foram para as ruas, 10 mil a mais que na noite anterior, e 563 pessoas já foram presas, o que lotou as prisões.
A polícia ameaça usar balas de borracha em novos conflitos. Elas só foram usadas no Reino Unido em operações na Irlanda do Norte.
Mas, enquanto a capital estava mais policiada, novos saques e confrontos ocorreram nas cidades no interior do país -Birmingham, Wolverhampton, Manchester, Nottingham, Liverpol e Bistol até a noite de ontem.
Durante todo o dia, os londrinos mostravam um misto de indignação e medo de uma nova onda de ataques. Lojas nas zonas norte e sul fecharam mais cedo por temor de saques, funcionários foram dispensados e muitas pessoas preferiram ficar em casa.
Muitos estavam indignados e cobraram as autoridades e a polícia, que foi incapaz de impedir a violência cometida por jovens e que começou no sábado.
O prefeito de Londres, Boris Johnson, que interrompeu suas férias, ouviu gritos para renunciar enquanto visitava Clapham, no sul, onde vitrines foram destruídas, lojas saqueadas e um prédio incendiado anteontem.
"Onde estava a polícia?", gritavam os moradores. Segundo eles, a violência durou duas horas e só no final apareceram alguns policiais. O vice-premiê, Nick Clegg, foi vaiado em Birmingham.
O primeiro-ministro, David Cameron, também interrompeu as férias e voltou a Londres. Ele convocou o Parlamento para uma sessão extraordinária amanhã e insistiu em que os "criminosos responsáveis pela violência serão presos e processados".
A Justiça diz que acelerou os processos e já condenou 20 pessoas pelos saques.

MORTE
A polícia não divulgou detalhes sobre a morte do homem no sul de Londres, em Croydon. Seu corpo foi encontrado dentro de um carro, na segunda, enquanto saqueadores incendiavam prédios.
Num outro revés para a corporação, a agência independente que investiga a morte de Mark Duggan diz que ele não disparou contra os policiais antes de ser morto, na quinta-feira.
Foi a morte de Duggan que deu início à onda de protestos. No sábado, seus familiares e amigos foram até a delegacia de Tottenham (norte de Londres) pedir explicações sobre seu assassinato.
Não obtiveram resposta. Logo depois, jovens usando capuzes e lenços para esconder os rostos atacaram os policiais com paus, pedras e latas de lixo. Na sequência, começaram os saques e incendiaram uma loja e um prédio de apartamentos.
Nos dois dias seguintes, o mesmo aconteceu em outras regiões da cidade.
Continua a discussão sobre a origem da violência. Enquanto alguns culpam a situação econômica e a política de austeridade, governantes insistem em que se trata de um pequeno número de criminosos. "Vamos acabar com as desculpas sociológicas e tratar isso como criminalidade", disse Boris Johnson.


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