São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 2002

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Bagdá não possui material para fazer bomba, diz instituto

DA REDAÇÃO

A capacidade militar do Iraque no campo das armas de destruição em massa caiu desde a Guerra do Golfo (91) e o país não teria hoje material suficiente para produzir uma bomba atômica, segundo estudo divulgado ontem pela organização independente IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos), com sede em Londres.
O instituto considera que não há evidências de que o Iraque possa produzir material para fissão nuclear ou de que tenha adquirido o material do exterior.
Porém o diretor do IISS, John Chipman, diz que se o Iraque conseguir urânio enriquecido com ajuda externa poderia em um período de até um ano instalar uma ogiva em um míssil capaz de atingir Arábia Saudita, Kuait, Israel, Turquia, Jordânia e Irã.
Segundo o relatório do IISS, o Iraque provavelmente não tem meios para lançar os resíduos de armas químicas e biológicas que ainda possui de forma a causar grandes danos.
As informações do estudo, divulgadas em meio às discussões sobre uma eventual ação militar americana contra o Iraque, não oferecem um apoio claro ao argumento dos EUA de que o Iraque representa uma ameaça imediata à comunidade internacional e que uma ação já é necessária.
"Qualquer ação acarreta riscos. Espere e a ameaça crescerá. Bombardeie e a ameaça poderá ser usada", diz o relatório.
Segundo o instituto, o Iraque ainda mantém estoques consideráveis de toxinas e meios para crescimento biológico, assim como algumas centenas de toneladas dos gases mostarda e sarin, cuja produção poderia ser retomada em semanas ou meses.
Bagdá já usou essas armas na guerra contra o Irã e contra os curdos iraquianos, nos anos 80.
A ONU ordenou a total eliminação dos programas iraquianos para armas nucleares, químicas e biológicas e para mísseis de longa distância após a Guerra do Golfo, mas o ditador Saddam Hussein vem desafiando as resoluções.
Para o IISS, a retomada das inspeções da ONU poderia dificultar, mas não impedir, o desenvolvimento de armas de destruição em massa pelo Iraque, dado o histórico das atitudes do país em relação às inspeções durante os anos 90.
Para Chipman, a capacidade do Iraque de usar armas químicas ou biológicas durante uma guerra com ataques de mísseis é limitada. "Os mísseis balísticos do Iraque têm o que chamamos de espoleta de impacto, que significa que muito do agente poderia ser destruído com o impacto", disse. "Então eles podem ser importantes como uma arma de terror, mas não teriam significado militar importante numa batalha."

"Fatos distorcidos"
O governo do Iraque negou as alegações do IISS e acusou o instituto de "distorcer os fatos para justificar um ataque".
O Departamento de Estado dos EUA disse que o relatório está de acordo com suas informações.


Com agências internacionais


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