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Bagdá não possui material para fazer bomba, diz instituto
DA REDAÇÃO
A capacidade militar do Iraque
no campo das armas de destruição em massa caiu desde a Guerra
do Golfo (91) e o país não teria hoje material suficiente para produzir uma bomba atômica, segundo
estudo divulgado ontem pela organização independente IISS
(Instituto Internacional para Estudos Estratégicos), com sede em
Londres.
O instituto considera que não
há evidências de que o Iraque
possa produzir material para fissão nuclear ou de que tenha adquirido o material do exterior.
Porém o diretor do IISS, John
Chipman, diz que se o Iraque conseguir urânio enriquecido com
ajuda externa poderia em um período de até um ano instalar uma
ogiva em um míssil capaz de atingir Arábia Saudita, Kuait, Israel,
Turquia, Jordânia e Irã.
Segundo o relatório do IISS, o
Iraque provavelmente não tem
meios para lançar os resíduos de
armas químicas e biológicas que
ainda possui de forma a causar
grandes danos.
As informações do estudo, divulgadas em meio às discussões
sobre uma eventual ação militar
americana contra o Iraque, não
oferecem um apoio claro ao argumento dos EUA de que o Iraque
representa uma ameaça imediata
à comunidade internacional e que
uma ação já é necessária.
"Qualquer ação acarreta riscos.
Espere e a ameaça crescerá. Bombardeie e a ameaça poderá ser
usada", diz o relatório.
Segundo o instituto, o Iraque
ainda mantém estoques consideráveis de toxinas e meios para
crescimento biológico, assim como algumas centenas de toneladas dos gases mostarda e sarin,
cuja produção poderia ser retomada em semanas ou meses.
Bagdá já usou essas armas na
guerra contra o Irã e contra os
curdos iraquianos, nos anos 80.
A ONU ordenou a total eliminação dos programas iraquianos para armas nucleares, químicas e
biológicas e para mísseis de longa
distância após a Guerra do Golfo,
mas o ditador Saddam Hussein
vem desafiando as resoluções.
Para o IISS, a retomada das inspeções da ONU poderia dificultar,
mas não impedir, o desenvolvimento de armas de destruição em
massa pelo Iraque, dado o histórico das atitudes do país em relação
às inspeções durante os anos 90.
Para Chipman, a capacidade do
Iraque de usar armas químicas ou
biológicas durante uma guerra
com ataques de mísseis é limitada. "Os mísseis balísticos do Iraque têm o que chamamos de espoleta de impacto, que significa
que muito do agente poderia ser
destruído com o impacto", disse.
"Então eles podem ser importantes como uma arma de terror,
mas não teriam significado militar importante numa batalha."
"Fatos distorcidos"
O governo do Iraque negou as
alegações do IISS e acusou o instituto de "distorcer os fatos para
justificar um ataque".
O Departamento de Estado dos
EUA disse que o relatório está de
acordo com suas informações.
Com agências internacionais
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