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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Decisão abre porta para legitimação do governo e da reconstrução; EUA ampliam estada de seus soldados

Liga Árabe admite representante interino de Bagdá

DA REDAÇÃO

O Conselho de Governo Iraquiano deu ontem um passo em direção à aceitação internacional ao enviar, pela primeira vez desde sua posse, em julho, um representante para o encontro da Liga Árabe, no Egito. Entretanto, participantes do grupo ressaltaram que a decisão não implica no reconhecimento do conselho como representante legítimo do país.
A participação do conselho na liga só foi aceita após forte pressão de Washington sobre seus aliados, como Jordânia e Egito e os países do golfo Pérsico.
"O reconhecimento do conselho não aconteceu... Tudo o que aconteceu foi a aceitação da representação iraquiana na liga", declarou o chanceler da Jordânia, Marwan al Muasher.
Segundo o comunicado da liga, o governo interino iraquiano gozará de "reconhecimento provisório" por um ano, período após o qual o grupo deve reavaliar o progresso do país em formar um governo legítimo.
Após seis horas de debate na noite de segunda-feira, os 22 países que formam o grupo convidaram o chanceler Hoshiyar Zebari, um curdo nomeado para o cargo na semana passada, para participar de seu encontro de dois dias.
A decisão abre caminho para que organismos internacionais como a ONU e a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) acatem a representação iraquiana, suspensa após o início da guerra, em 20 de março.

Vizinho democrático
Em seu primeiro pronunciamento na liga, Zebari, 50, prometeu aos demais países do grupo que eles logo terão um "vizinho democrático", "totalmente independente" e que "se posicionará firmemente contra o terrorismo".
"O novo Iraque será diferente daquele do [ex-ditador] Saddam Hussein", disse o chanceler. "O novo Iraque terá sua base na diversidade, na democracia, na Constituição, na lei e no respeito pelos direitos humanos."
Com a aceitação da representação iraquiana, a liga deu início ao debate sobre sua participação no processo de reconstrução do país, para a qual a administração americana busca auxílio.

Longa estada
Enquanto não conseguem maior apoio internacional para substituir parte de seu contingente no Iraque, os EUA decidiram ampliar a permanência de parte de seus soldados no país.
A decisão, anunciada à Comissão de Serviços Armados do Senado pelo general Richard Myers, chefe do Estado-Maior, afeta cerca de 20 mil homens da Guarda Nacional e da reserva que operam como especialistas em engenharia, policiamento e assuntos civis.
Os soldados haviam sido convocados para servir por um ano, incluindo o treinamento nos EUA e a prestação de contas na volta. Com a nova decisão, os soldados passarão um ano apenas em campo -o que amplia em meses o tempo total de destacamento.
"Somos um país em guerra, e temos de fazer o que for preciso para vencê-la", disse Myers.
Em julho, o Pentágono anunciara que os membros da infantaria ficariam no Iraque por tempo indeterminado. Os EUA mantêm cerca de 130 mil soldados no país.
Membros da comissão do senado -inclusive os governistas- voltaram a criticar o pedido de mais US$ 87 bilhões para custear a campanha militar americana feito anteontem pela Casa Branca.
"O que vejo lá é claramente que subestimamos o tamanho do desafio", declarou o senador republicano John McCain.
Em contrapartida, a Casa Branca declarou, por meio do porta-voz Scott McClellan, que o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, está fazendo um "ótimo trabalho" na questão iraquiana.


Com agências internacionais

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