São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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ÁSIA

Para a Human Rights Watch, Pequim exerce pressão sobre eleitores e oposicionistas para vencer a eleição legislativa na ilha

China cria "clima de medo" em Hong Kong, acusa ONG

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG

Às vésperas da eleição legislativa em Hong Kong, no domingo, a China atacou em duas frentes para tentar evitar o triunfo da oposição: usou a vitoriosa equipe olímpica do país em um apelo ao nacionalismo na ilha e divulgou fotos de um dos principais candidatos democratas tiradas no momento em que ele foi preso com uma prostituta, há quase um mês.
A divulgação das imagens levou o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch a acusar Pequim de criar um "clima de medo" na campanha. O candidato, Alex Ho Wai-to, foi preso em uma cidade em Cantão (sul). Sem julgamento, ele foi condenado a seis meses de "reeducação pelo trabalho". Apesar disso, Ho disputará a eleição de domingo.
A Human Rights Watch apontou outros casos de tentativa de intimidação de eleitores e meios de comunicação. Segundo a entidade, pessoas ligadas ao governo disseram a um comerciante que ele deveria fotografar seu voto ou sofreria retaliações. As ameaças também chegaram a três populares apresentadores de rádio, que terminaram abandonando seus programas, diz a denúncia.
Ao mesmo tempo em que subiu o tom dos ataques ao Partido Democrata (o maior da oposição), Pequim tentou reforçar os laços entre Hong Kong e o continente.
Na segunda-feira, os 50 atletas chineses que ganharam ouro na Olimpíada de Atenas iniciaram uma visita de quatro dias a Hong Kong, na qual foram recebidos por milhares de pessoas.
O apelo ao sentimento nacionalista pode favorecer os candidatos do Partido Democrata pela Melhoria de Hong Kong, que detém a maioria das cadeiras no Conselho Legislativo e é o principal aliado da China. A oposição é liderada pelo Partido Democrata, que tem como bandeira a realização de eleições diretas para o chefe do Executivo, em 2007, e para todo o Legislativo, em 2008 -hipóteses já descartadas por Pequim.
A eleição de domingo será a terceira para o Legislativo desde que Hong Kong voltou para domínio chinês, em 1997, depois de 155 anos de colonização britânica.
Pelo acordo entre a China e o Reino Unido, a ilha teria grande autonomia por 50 anos, durante os quais manteria o sistema capitalista, a abertura da economia e o inglês como idioma oficial.


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