São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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AMÉRICA LATINA

Dois tanzanianos foram presos na rodoviária, onde foi achado pacote com fotos do Consulado dos EUA

PF apura suposto complô terrorista no Rio

IURI DANTAS
LEILA SUWWANN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal está investigando um suposto plano para a realização de um atentado terrorista contra o Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro.
Dois tanzanianos, identificados como David John Pama e Salim Nassir Salim, foram presos no último dia 1º, na rodoviária do Rio, e um envelope com fotos do consulado foi encontrado. A segurança nas representações diplomáticas dos EUA foi reforçada.
A Embaixada dos EUA em Brasília adotou um tom de cautela. Afirmou que, por enquanto, não há informações claras a respeito do acontecimento e que "tomou as precauções necessárias". "Não há conexão entre a prisão e alguma ameaça concreta ao consulado ou a interesses americanos no Rio", diz nota divulgada pela representação diplomática.
Na semana que antecede a data que marcará os três anos do 11 de Setembro, o consulado havia solicitado reforço da segurança. Em Washington, o Departamento de Estado disse que está acompanhando o caso.
Segundo o superintendente da PF do Rio, José Mílton Rodrigues, a suspeita contra os tanzanianos surgiu no dia da prisão, quando funcionários da rodoviária encontraram no banheiro um pacote com fotografias externas do consulado americano, anotações em português no verso sobre as entradas e saídas do prédio e um guia telefônico da cidade do Rio.
O material foi encaminhado para a perícia, cujo objetivo é identificar impressões digitais.
A PF ainda não dispõe de informações conclusivas sobre o caso. Os dois tanzanianos ficarão detidos por até 60 dias na penitenciária de Ary Franco, no Rio. A prisão aplicada aos dois, chamada de administrativa, é destinada especificamente a casos de estrangeiros com vistos irregulares, como aconteceu com os tanzanianos.
Nesse período, os policiais vão apurar se o envelope pertencia a Pama e Salim e se eles fazem parte de algum grupo terrorista.
Em depoimento à PF, os dois suspeitos, que ainda não possuem advogado, disseram que estão no Brasil fazendo turismo e negaram conhecer o envelope.

Ajuda internacional
Como ponto de partida para as investigações, os policiais federais do Rio requisitaram informações à Interpol -rede de auxílio composto por polícias de diversos países. Ainda não há resposta sobre se há algo contra Pama e Salim.
O fato de serem tanzanianos levantou suspeitas porque o país foi um dos alvos de uma série de atentados contra representações americanas na África, realizada pela Al Qaeda, em 1998.
De acordo com o superintendente da PF no Rio, o inquérito por ora tem o objetivo principal de fundamentar a deportação dos dois estrangeiros.
Em Brasília, o caso é tratado de forma cautelosa. Os ministérios da Justiça e das Relações Exteriores não devem se pronunciar oficialmente por ora.


Colaboraram Mario Hugo Monken, da Sucursal do Rio, e Fernando Canzian, de Washington


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