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TIMOR LESTE
EUA cortam ajuda militar à Indonésia e a pressionam a encerrar o conflito; ONU diz que violência diminui
Clinton pede que Jacarta aceite tropas
RENATO FRANZINI
de Nova York
O presidente dos EUA, Bill Clinton, pediu ontem à Indonésia que
aceite o envio de tropas internacionais de manutenção de paz a
Timor Leste. Ele fez ameaças de
praticar retaliações econômicas
contra Jacarta.
"Seria uma pena se a recuperação indonésia fosse destruída por
isso", declarou Clinton. "Mas ela
será destruída de um jeito ou de
outro se o país não consertar essa
situação, pois haverá um grande
sentimento público para que seja
cancelada a cooperação econômica internacional."
Os EUA anunciaram ontem a
suspensão de sua cooperação militar com a Indonésia. Washington pressiona Jacarta a pôr fim à
violência na ex-colônia portuguesa e aceitar o resultado do plebiscito a favor da independência de
Timor Leste sem, porém, enviar
tropas.
O vice-diretor-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Stanley Fischer, disse que o
"desastre humano e político" em
Timor Leste pode afetar as relações do órgão com a Indonésia.
A ONU afirmou ontem que a situação em Timor estava mais calma do que nos dias anteriores. O
secretário-geral da organização,
Kofi Annan, concedeu mais tempo a Jacarta para que seu Exército
controle a ação dos grupos paramilitares antiindependência.
Hermínio da Silva Costa, um
dos líderes paramilitares, disse a
uma rádio portuguesa que os grupos antiindependência adotaram
um cessar-fogo. "Deixamos todas
as questões de segurança com as
Forças Armadas indonésias."
Apesar do anúncio, jornalistas
em Dili disseram que ainda ouviam tiros na cidade ontem.
Uma delegação de cinco representantes do Conselho de Segurança da ONU, que já esteve em
Jacarta (capital indonésia), deve
visitar a capital timorense hoje.
Annan vai esperar o retorno da
delegação a Nova York (na segunda ou terça-feira) para tomar decisão sobre o envio ou não de tropas internacionais à região.
A ONU decidiu que vai manter
uma "presença simbólica" de pelo menos 50 funcionários em Dili.
A sede da Unamet (Missão das
Nações Unidas em Timor Leste)
esteve sitiada durante a semana.
Seus funcionários não tinham
condições de segurança, alimentos, água e eletricidade. Cerca de
2.000 se refugiaram no edifício.
A situação no local começou a
melhorar ontem. Com garantias
do Exército indonésio, os refugiados deixaram a sede da Unamet e
foram levados a um campo controlado por militantes pró-independência no vilarejo de Dare.
Um avião australiano pousou
em Dili levando suprimentos.
Brasil
O chefe da Missão do Brasil junto às Nações Unidas, embaixador
Gelson Fonseca, pediu ontem ao
Conselho de Segurança (CS) uma
reunião de urgência para discutir
a questão de Timor Leste.
Ao contrário de reuniões anteriores, essa seria aberta a todos os
países-membros, o que permitiria
a participação de Indonésia e Portugal (que não integram o CS).
Como o Brasil é 1 dos 15 membros do CS, seu pedido tem de ser
aceito. A reunião deve acontecer
quando a delegação do CS voltar
da Indonésia. O governo brasileiro estuda consulta da Austrália
sobre a possível participação numa força de segurança em Timor.
Com agências internacionais
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