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RAMO DAVIDIANO
Ex-senador apurará ação de agentes federais na morte de 80 no ano de 93
EUA investigam morte de religiosos
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
Um dos primeiros fiascos da administração Bill Clinton voltará a
atormentá-lo no seu último ano.
A secretária da Justiça dos EUA,
Janet Reno, foi obrigada a nomear
um respeitado político aposentado da oposição para apurar se o
governo provocou a morte de cerca de 80 pessoas, inclusive 17
crianças, seguidoras de uma seita
religiosa, em Waco, Texas, em 93.
A versão oficial, de que David
Koresh e seus fiéis do Ramo Davidiano iniciaram o incêndio da fazenda em que estavam cercados
por agentes federais, sempre foi
contestada pela oposição.
A data da tragédia, 19 de abril,
virou símbolo de protestos contra
a intromissão do Estado em assuntos particulares dos cidadãos,
como os religiosos.
Em 19 de abril de 1995, o militante antiestatal Timothy
McVeigh explodiu o edifício do
serviço público federal em Oklahoma City, matando 168 pessoas.
Nas últimas semanas, documentos e fitas de áudio sobre o incidente em Waco foram reveladas
ao público pela primeira vez.
Eles parecem indicar que, ao
contrário do alegado pelo governo, agentes federais atiraram pelo
menos duas bombas de gás lacrimogêneo contra a fazenda antes
de iniciarem seu ataque. Essas
bombas geram calor e podem ter
provocado o incêndio.
Pressionada pelo Congresso,
dominado pela oposição, a secretária Reno nomeou ontem o ex-senador John Danforth para investigar com independência o
que aconteceu há seis anos.
Danforth, 62, reverendo da
Igreja Episcopal, disse que vai
concentrar seu trabalho na apuração de duas questões: os agentes
provocaram a morte dos fiéis do
Ramo Davidiano? E houve uma
operação posterior para esconder
os fatos do público dos EUA?
Em abril de 1993, Reno assumiu
inteira responsabilidade pela ação
policial em Waco. Clinton foi criticado, na época, por não ter se
envolvido diretamente nas decisões sobre o que fazer.
Os 51 dias de cerco aos fiéis do
Ramo Davidiano mobilizaram a
opinião pública norte-americana.
A invasão da fazenda e o incêndio em que morreram os religiosos foram transmitidos pela TV.
O episódio foi considerado emblemático da polêmica sobre a liberdade religiosa no país.
Reno, que recusou sugestões intensas feitas pela oposição para
que renunciasse ao cargo devido
aos novos fatos sobre Waco, disse
que vai apenas testemunhar diante de Danforth.
O diretor da polícia federal
(FBI), Louis Freeh, também poderá sair machucado do episódio.
Foi sua agência que manteve em
segredo por seis anos as fitas e os
documentos agora divulgados.
Freeh e Reno têm se desentendido há anos sobre como investigar assuntos importantes.
O ex-senador afirmou que pode
convocar um júri de inquérito para indiciar eventuais culpados.
Ele prometeu encerrar seus trabalhos antes do fim do mandato
de Clinton, em janeiro de 2001.
As investigações de Danforth
serão mais um tema difícil para o
vice-presidente Al Gore, candidato de Clinton à sua sucessão.
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