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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Violência marca 6º mês da tomada de Bagdá; diplomata espanhol e policiais iraquianos estão entre as vítimas

Ataques no Iraque matam 11 e ferem 40

Anja Niedringhaus/Associated Press
Em Bagdá, iraquiano chora após ser informado de que um parente seu fora morto em ataque com carro-bomba contra delegacia


DA REDAÇÃO

O dia em que a tomada de Bagdá pelas tropas dos EUA completou seis meses foi marcado por múltiplos ataques no Iraque, que deixaram 11 mortos -nove iraquianos, um diplomata espanhol e um soldado americano- e comprovaram mais uma vez a incapacidade das forças de ocupação em pacificar o país.
No incidente mais violento, um terrorista suicida explodiu um carro-bomba em frente a uma delegacia em Sadr City, bairro pobre de Bagdá onde vivem cerca de 2 milhões de xiitas. Além do terrorista, seu acompanhante e outras oito pessoas morreram, cinco delas civis. Mais de 40 foram feridas.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque. No momento do atentado, por volta das 8h30 (horário local), cerca de 50 policiais estavam no local para receberem seus salários.
Um Oldsmobile branco acelerou em direção à delegacia, e os policiais reagiram a tiros. O carro então bateu em um veículo estacionado e explodiu.
O número de atentados com carros-bomba em Bagdá vem se multiplicando desde agosto.
No dia 7 daquele mês, um carro-bomba explodiu em frente à embaixada jordaniana, matando 19 pessoas. Doze dias depois, uma betoneira-bomba explodiu ao lado da sede da ONU, matando 23 pessoas -entre elas, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, enviado especial do organismo ao Iraque.
A sede da ONU voltou a ser atingida em 22 de setembro, quando um oficial iraquiano que montava guarda foi morto. Antes disso, em 29 de agosto, um carro-bomba matou 82 pessoas em uma mesquita em Najaf, incluindo o principal líder xiita iraquiano, aiatolá Mohammed Baqer al Hakim.
Após a explosão de ontem, uma multidão de cerca de 2.000 pessoas se reuniu para protestar, entoando frases antiamericanas. Cerca de 300 membros do Exército de Al Mahdi, milícia criada em Sadr City em julho, se reuniram em frente ao escritório de um clérigo xiita que, segundo rumores mais tarde desmentidos, teria sido detido pelas forças dos EUA.
Com jipes militares, soldados americanos intensificaram a segurança do bairro. As tensões em Sadr City são alimentadas por constantes protestos exigindo eleições diretas para escolher um novo conselho local. O atual foi indicado pelos EUA.
Meia hora antes do atentado na delegacia, um diplomata espanhol foi morto a tiros em frente à sua casa, em Mansour, um dos bairros mais ricos de Bagdá.
Ao abrir a porta, vestindo apenas uma cueca, o sargento da Força Aérea Espanhola José Antonio Bernal Gomez foi atacado por três homens armados, um deles vestido como um clérigo xiita. Dois dos agressores subjugaram os seguranças do diplomata, desarmados, e o terceiro o perseguiu por 50 metros, até atingi-lo com um tiro na cabeça.
Bernal, 34, trabalhava para a inteligência espanhola no país havia dois anos. Os motivos do crime não estão claros. "A evidência a ser analisada é o fato de ele ter aberto a porta para seu agressor, o que mostra que ele provavelmente o conhecia. Ele não era alguém que abriria a porta para qualquer um", disse a ministra das Relações Exteriores da Espanha, Ana Palacio, a uma rádio espanhola.
Além disso, o comando americano anunciou a morte de um soldado em um ataque com granadas-foguetes em Baquba, na conturbada região noroeste no país.
Desde o fim dos principais combates, em 1º de maio, os EUA perderam 92 soldados em ataques semelhantes e outros 94 em acidentes. Ontem, a polícia militar americana anunciou a prisão de um dos principais acusados de planejar ataques contra suas tropas.

Dinheiro
A Comissão de Alocação da Câmara aprovou o pedido de US$ 87 bilhões para as operações no Iraque e no Afeganistão feito pelo presidente George W. Bush. Na semana passada, um comitê do Senado também aprovara a solicitação. As duas Casas votarão o pedido na semana que vem.

Com agências internacionais

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