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Putin e Sarkozy divergem sobre Irã
Presidentes russo e francês tampouco concordam sobre Kosovo em encontro bilateral em Moscou
Putin não quer mais sanções contra Irã, suspeito de plano para obter a bomba; França
quer separação de Província que ainda pertence à Sérvia
DA REDAÇÃO
Nicolas Sarkozy chegou ontem a Moscou para sua primeira visita como presidente da
França, sem a perspectiva de
acordo com o presidente russo,
Vladimir Putin, em ao menos
duas questões: a independência
de Kosovo e novas sanções contra o Irã.
Jantaram na residência oficial de Putin, em Novo Ogaryovo, imediações da capital russa.
À saída, o presidente francês
declarou que as posições dos
dois países sobre o Irã "se aproximaram". Não deu detalhes,
mas afirmou que prossegue o
desacordo sobre as verdadeiras
intenções do programa nuclear
iraniano. Ou seja, continuavam
a divergir no essencial. Putin
disse por sua vez que a conversa
foi "relaxada e franca".
Gentileza protocolar
As relações bilaterais estão
bem mais frias que durante a
Presidência de Jacques Chirac
(1995-2007). Além de se aproximar dos EUA, Sarkozy tem
utilizado expressões excepcionalmente duras ao se referir à
Rússia, como ao criticar "certa
brutalidade" das negociações
de gás e petróleo com seus vizinhos ex-soviéticos ou ao mencionar o desrespeito aos direitos humanos na Tchetchênia.
Antes do jantar, as saudações
de ambos foram apenas formais. "A França tem sido e, espero, continuará a ser um de
nossos principais parceiros na
Europa", disse Putin. "Quero
entendê-lo e tentarei fazê-lo
entender nossas convicções",
respondeu Sarkozy.
Os dois presidentes terão hoje pela manhã uma sessão de
trabalho, antes de uma entrevista à imprensa que concluirá
a breve agenda da cúpula.
O jornal "Le Figaro" disse
que Sarkozy confidenciou a
disposição de "falar com franqueza" a Putin. Suas boas relações com George W. Bush levaram o jornal russo "RBK" a dar
ontem a seguinte manchete: "A
visita do vassalo americano".
Outro jornal local, o "Rossiiskaya Gazeta", publicou entrevista com o presidente francês
em que ele elogiou o presidente
russo, ao qualificá-lo como
não-dogmático, mas também
apontou as divergências.
A França defende a independência de Kosovo, a Província
da Sérvia apoiada por Moscou,
que se opõe a esse desmembramento territorial. Com relação
ao Irã, país aliado dos russos,
Sarkozy afirmou que, "entre a
resignação e a guerra, palavras
que não estão em meu vocabulário, há como posição responsável endurecer as sanções". O
Irã é suspeito de querer construir uma bomba atômica.
"Que ninguém ponha em dúvida nossa seriedade e perseverança nessa questão", afirmou.
Radicalização do Irã
Putin e seus diplomatas têm
argumentado que novas sanções do Conselho de Segurança
deixariam o regime iraniano
isolado e radicalizariam a retórica já inflamada do presidente
Mahmoud Ahmadinejad.
Apesar dessas e de outras divergências menores, "os dois
presidentes têm muito em comum: são pragmáticos, hábeis
políticos, e seus países registram um comércio intenso",
disse à Rádio Europa Livre Kira
Zuyeva, pesquisador do Instituto pela Economia Global e
Relações Internacionais.
Ele também aponta empreendimentos conjuntos, como no setor aeronáutico, com
projetos da européia EADS
(Airbus) e da russa UAC.
Com agências internacionais
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