São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Putin e Sarkozy divergem sobre Irã

Presidentes russo e francês tampouco concordam sobre Kosovo em encontro bilateral em Moscou

Putin não quer mais sanções contra Irã, suspeito de plano para obter a bomba; França quer separação de Província que ainda pertence à Sérvia

DA REDAÇÃO

Nicolas Sarkozy chegou ontem a Moscou para sua primeira visita como presidente da França, sem a perspectiva de acordo com o presidente russo, Vladimir Putin, em ao menos duas questões: a independência de Kosovo e novas sanções contra o Irã.
Jantaram na residência oficial de Putin, em Novo Ogaryovo, imediações da capital russa. À saída, o presidente francês declarou que as posições dos dois países sobre o Irã "se aproximaram". Não deu detalhes, mas afirmou que prossegue o desacordo sobre as verdadeiras intenções do programa nuclear iraniano. Ou seja, continuavam a divergir no essencial. Putin disse por sua vez que a conversa foi "relaxada e franca".

Gentileza protocolar
As relações bilaterais estão bem mais frias que durante a Presidência de Jacques Chirac (1995-2007). Além de se aproximar dos EUA, Sarkozy tem utilizado expressões excepcionalmente duras ao se referir à Rússia, como ao criticar "certa brutalidade" das negociações de gás e petróleo com seus vizinhos ex-soviéticos ou ao mencionar o desrespeito aos direitos humanos na Tchetchênia.
Antes do jantar, as saudações de ambos foram apenas formais. "A França tem sido e, espero, continuará a ser um de nossos principais parceiros na Europa", disse Putin. "Quero entendê-lo e tentarei fazê-lo entender nossas convicções", respondeu Sarkozy.
Os dois presidentes terão hoje pela manhã uma sessão de trabalho, antes de uma entrevista à imprensa que concluirá a breve agenda da cúpula.
O jornal "Le Figaro" disse que Sarkozy confidenciou a disposição de "falar com franqueza" a Putin. Suas boas relações com George W. Bush levaram o jornal russo "RBK" a dar ontem a seguinte manchete: "A visita do vassalo americano".
Outro jornal local, o "Rossiiskaya Gazeta", publicou entrevista com o presidente francês em que ele elogiou o presidente russo, ao qualificá-lo como não-dogmático, mas também apontou as divergências.
A França defende a independência de Kosovo, a Província da Sérvia apoiada por Moscou, que se opõe a esse desmembramento territorial. Com relação ao Irã, país aliado dos russos, Sarkozy afirmou que, "entre a resignação e a guerra, palavras que não estão em meu vocabulário, há como posição responsável endurecer as sanções". O Irã é suspeito de querer construir uma bomba atômica.
"Que ninguém ponha em dúvida nossa seriedade e perseverança nessa questão", afirmou.

Radicalização do Irã
Putin e seus diplomatas têm argumentado que novas sanções do Conselho de Segurança deixariam o regime iraniano isolado e radicalizariam a retórica já inflamada do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Apesar dessas e de outras divergências menores, "os dois presidentes têm muito em comum: são pragmáticos, hábeis políticos, e seus países registram um comércio intenso", disse à Rádio Europa Livre Kira Zuyeva, pesquisador do Instituto pela Economia Global e Relações Internacionais.
Ele também aponta empreendimentos conjuntos, como no setor aeronáutico, com projetos da européia EADS (Airbus) e da russa UAC.


Com agências internacionais


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